Com um mundo altamente conectado, muitos pais (mesmo que de uma geração mais analógica) compartilham nas redes sociais fotos de seus filhos, às vezes recém nascidos. Em 2012, esse fenômeno recebeu o nome de sharenting (share + parenting). Em 2016, o termo foi adicionado ao Collins English Dictionary.
Antigamente, as fotos tiradas eram mostradas no álbum de família, na sala de casa. Hoje, o mundo pode acompanhar em tempo real uma criança desde antes do nascimento. Muitas mães postam fotos/vídeos de ultrassom. Na sequência, vem aquela foto tradicional, do momento do pós-parto com a mãe deitada na maca e o pai ao lado. Daí em diante, o compartilhamento das tarefas mais banais dos filhos acaba se tornando um hábito.
Os pais, em geral, têm boa intenção e orgulho, mas acabam expondo seus filhos a riscos, como aliciadores ou bullying, sem se preocupar – em muitos casos – com os direitos da crianças, como à privacidade.
Em uma pesquisa rápida por hashtags nas redes sociais, podemos observar mais de 520 mil resultados pela #meubebe.
DADOS/PESQUISAS |
Pesquisa mostra que, no Brasil, 96% dos usuários colocam na rede algum tipo de conteúdo pessoal. Ainda segundo a pesquisa, feita pelo Kaspersky Lab, empresa de segurança na internet, metade dos usuários brasileiros não só compartilham dados em suas redes como os tornam públicos, sem filtro, acessíveis a qualquer um.
Ainda, 66% das pessoas disseram compartilhar fotos de seus filhos na rede. O estudo foi feito a partir de questionário on-line, com 16 mil pessoas, sendo que 1.000 eram brasileiros.
Uma pesquisa da Universidade de Michigan (EUA) indicou que 56% das mães e 34% dos pais postam sobre saúde dos filhos e paternidade/maternidade nas redes sociais. O mesmo estudo apontou que as crianças tinham duas vezes mais probabilidade de informar que os adultos não deveriam publicar em excesso informações sobre crianças, sem permissão.
Outro estudo da Universidade de Michigan indicou ainda que os pais que posta fotos dos filhos nas redes tem receio sobre como os filhos reagirão a isso no futuro. Este estudo trouxe ainda que 74% dos pais foram apontados como “postadores em excesso” por outros pais, sendo que:
.56% publicaram informações constrangedoras sobre seus filhos
.51% deram informações sobre a localização de seus filhos
.27% postaram fotos inapropriadas da criança
Outra pesquisa realizadas na Universidade da Florida, sugere que pais e mães publicam fotos dos filhos hoje, mas no futuro as crianças podem se sentir humilhadas ou virarem vítimas de bullying.
Vale lembrar que: . No Brasil, o artigo 227 da Constituição Federa dá “prioridade absoluta” à garantia de direitos básicos das crianças, adolescentes e jovens, também à garantia de direitos na internet.
. O Ato de Proteção à Privacidade Online das Crianças (COPPA) limita a coleta ou divulgação de informações via internet para crianças menores de 13 anos.
. o artigo 16 da Convenção da Nações Unidas para os Diretos da Criança garantem as crianças ao direito da privacidade.
.Em 1800, as crianças eram vistas como propriedade dos pais.