O Itaú BBA divulgou esta semana “Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros 2017”. O estudo, em sua sétima edição, indicou em 2016 um crescimento de 20% das receitas totais de 27 clubes analisados em relação a 2015. O mercado faturou R$ 4,3 bilhões contra R$ 3,62 bilhões. O principal motivo apontado foi o aumento, já previsto, das cotas de direitos de transmissão de TV, que cresceram 38% em relação ao ano anterior, chegando a representar 49% das receitas totais dos clubes brasileiros.
Os números podem ser considerados expressivos, especialmente se analisados no contexto macroeconômico brasileiro, que vem de dois anos de recessão, com queda de PIB consecutiva em 2015 e 2016. A crise, segundo o estudo, foi o motivo da queda de 4% de bilheteria e sócio torcedor nos clubes brasileiros analisados.
Ranking de Faturamento 2016 (milhões / reais)
Líder no ranking com R$ 469 milhões, o Palmeiras apresentou crescimento de 56% se comparado a 2015: TV cresceu 45%, Publicidade (39%), Bilheteria/Sócio Torcedor (35%). Até a venda de atletas, tradicionalmente fraca no clube, saltou de R$ 5 milhões para R$ 51 milhões.
O Flamengo apresentou crescimento de 21% nas receitas (R$ 408 milhões), fortemente impactado pelas cotas de TV, que aumentaram 69%. Já o São Paulo apontou crescimento de 30% (R$ 369 milhões): TV (52%), Publicidade (34%), seguindo com 13% de crescimento em Bilheteria. Já as vendas de atletas cresceram importantes 40% e ajudaram a fechar as contas.
As receitas do Corinthians cresceram 13% em 2016 (R$ 336 milhões), impulsionadas pela TV (23%), Publicidade (7%) e especialmente venda de atletas (44%). Fechando o top 5, o Atlético-MG apontou crescimento de 29% (R$ 300 milhões): TV (13%), Publicidade (94%), Bilheteria (24%) e especialmente venda de atletas (159%).
Venda de direitos econômicos e categorias de base
O São Paulo continua sendo o maior vendedor de atletas do Brasil, e em 2016 ampliou a vantagem em relação ao Corinthians, que permanece na segunda posição. Na sequência, Internacional, Cruzeiro e Santos mantém suas posições entre os cinco primeiros. Depois, há um grande equilíbrio entre os demais clubes.
Nas categorias de base, o estudo reavaliou sua maneira de apresentar os investimentos, adicionando à conta a parte dos custos que não é transferida para o Ativo Intangível (custos correntes que não são ativados). Assim, o número de 2016 salta de R$ 127,8 milhões para R$ 211,9 milhões, e certamente é maior que este, pois alguns clubes não detalham estes custos.
No ranking que levou em consideração o share de investimentos entre 2014 e 2016, o São Paulo lidera com 14%, seguido por Palmeiras (12%), Atlético-PR (11%), Fluminense (8%) e Corinthians (8%), sendo os clubes que mais investem na estrutura para formação de jogadores.
Receitas com patrocínios: Palmeiras, Corinthians e Flamengo aumentam distância para demais
Acompanhando o cenário econômico dos dois últimos anos, é natural a queda nos valores reais de receitas com publicidade. O mercado ficou mais difícil e os valores sofreram retração. E ainda há um detalhe que torna esta conta ainda mais dura: a Crefisa, patrocinadora do Palmeiras, respondeu, em 2015, por 12% de todas as receitas com publicidade nos clubes e aumentou participação para 17,6%, em 2016. Ou seja, se desconsiderarmos a empresa da conta, as receitas teriam caído, nominalmente, 4%.
Palmeiras, Flamengo e Corinthians continuam com a maior parte das receitas de publicidade, em termos de clubes. Juntos, representaram 41% do total, em 2015, e aumentaram a presença para 43%, em 2016. E dado os novos acordos do Flamengo, devem superar esta marca em 2017.
Índice de Eficiência do Futebol
O levantamento do Itaú BBA criou também o Índice de Eficiência do Futebol, que consiste em fazer um cruzamento entre desempenho esportivo, tratado em duas dimensões: total de pontos obtidos no ano e pontuação por colocação nos campeonatos disputados e desempenho financeiro, tratado a partir dos Gastos Gerais (soma entre Custos, Investimentos e Despesas Financeiras).
Sete clubes foram classificados como “Eficazes”, com destaque para o Palmeiras, maior pontuador pela conquista do Brasileiro, mas que também teve o maior Gasto por Ponto conquistado. ?? preciso ressaltar que o Palmeiras gastou substancialmente mais (3,64) que o Corinthians campeão de 2015 (2,22). Na prática, o maior destaque deste bloco é o Botafogo, que alcançou a mesma conquista que Flamengo e Atlético-MG, porém gastando muito menos por ponto conquistado.
O grande destaque entre os “Eficientes” é o Atlético Paranaense, que conquistou 20 pontos ??? 10 pelo Estadual e 10 pela vaga à Libertadores ??? gastando 1,22 por ponto. Dos clubes que “Deixaram a Desejar”, o maior destaque negativo é o São Paulo, que gastou tanto quanto o Palmeiras ??? 95,9% do que o Palmeiras gastou por ponto ??? e não conseguiu nenhum resultado. Já no grupo do “Bom Trabalho” novamente o índice apontou clubes regionais, cujo maior objetivo é se manter na Série A e vencer, e se possível vencer o estadual. Coritiba, Ponte Preta, Joinville, Criciúma e Náutico estão nessa lista.
Dos três clubes para quem “Não Deu”, o destaque negativo é o Figueirense, que convive com a Série A por mais tempo. Tanto América-MG quanto Santa cruz, clubes de história e força em seus estados, há muito tempo não atuavam na Série A, de maneira que esta passagem costuma ser difícil no primeiro ano.