Na mesa do Ministro Paulo Guedes não há a clássica disputa entre o bem e o mal, caracterizado por anjos e demônios. Se estão por ali, os anjinhos estão bem escondidos e os demoninhos saltam para lá e para cá.  Só isso explica a ideia de, ao desonerar a folha de pagamento para as empresas, reduzir o depósito do FGTS de 8% para 6%. A visão do Ministro ao estudar esta possibilidade é simplesmente jogar nas costas do trabalhador os custos de uma redução tributária. Numa conta básica, todos que recebem salário perdem 24% da poupança por ano.

Guedes avança sereno na desestruturação da classe operária. Primeiro veio a Reforma Trabalhista, danosa ao trabalhador e sem resultados práticos para a economia. Depois veio a Reforma Previdenciária, trazendo corte aos mais humildes e proteção, ou pelo menos, manutenção dos privilégios, aos apaniguados do Governo. E agora ao ensaiar uma Reforma Tributária é, de novo, o trabalhador que entrará pagando a conta.

Não se ouve de sua boca que irá taxar as grandes fortunas, muito menos os lucros e dividendos dos grandes empresários, principalmente do sistema bancário, mais sanguessuga que os agiotas de plantão. Quem sempre paga a conta são os pequenos, incluindo aí, além dos trabalhadores, os pequenos comerciantes, prestadores de serviços e empresários que não tem caixa para financiar campanhas políticas.

Ele queria mesmo era uma nova e simples CPMF. Como o custo político é alto demais, deriva para alternativas como a redução de recolhimento do FGTS ou tributar as transações digitais, cobrando de todos. Outra medida na contra mão de tudo o que é praticado no mundo. Mas ir contra a prática mundial é comum no Brasil. Aqui existe a subversão da lógica tributária: quem pode mais paga menos!

Helena Ribeiro da Silva

Presidenta do SEAAC de Americana e Região