A indústria brasileira da música conta com compositoras de talento inegável e diversos nomes de bastante expressão, mas a participação feminina neste mercado, em comparação aos homens, ainda é consideravelmente pequena. Essa é a conclusão do primeiro relatório “O que o Brasil ouve”, produzido pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) para identificar e analisar as tendências do que é ouvido em todo o Brasil nos principais segmentos de execução pública. Lançada hoje, dia 8, a primeira edição do relatório aproveita o Dia Internacional da Mulher para mapear a participação feminina no mercado da música atual, especificamente em execução pública, com base nos dados do ano de 2020 e informações comparativas do início da década.
De todos os valores distribuídos em 2020 para compositores, intérpretes, músicos, produtores fonográficos, apenas 7% foram destinados às mulheres. A boa notícia para o mercado nacional é que quase 70% desses valores remuneraram brasileiras e o restante contemplou as estrangeiras.
Embora os números tenham crescido de forma expressiva nos últimos dez anos, a análise do banco de dados revela a discrepância do mercado: 85% das pessoas cadastradas são homens e esta realidade se reflete na análise do ranking dos “100 autores com maior rendimento” dos últimos cinco anos, em que a média da presença de mulheres se resume a meros 5%.
Entre outros aspectos, o estudo também investigou os segmentos mais rentáveis para as mulheres e a participação delas na autoria das músicas mais tocadas nos últimos dez anos.
Ascensão feminina
Apesar deste cenário, os números também indicam um forte crescimento da entrada delas no mercado da música: na última década houve um aumento de 1.200% de cadastros de mulheres em todas as categorias representadas pelas sete associações de música que administram o Ecad (Abramus, Amar, Assim, Sbacem, Sicam, Socinpro e UBC). A quantidade de mulheres remuneradas também saltou de 6 mil em 2010 para 22 mil no ano de 2020.
“Todos os números apontados neste relatório são um reflexo da formação histórica da indústria e um ponto de alerta para a produção brasileira atual. Identificar um problema e conhecê-lo de perto são os primeiros passos para que o mercado pense sobre a inserção das mulheres em todas as etapas: desde a parte técnica, passando pela criativa e incluindo a administrativa e executiva, para que nosso universo da música seja cada vez mais igualitário e justo”, afirma Isabel Amorim, superintendente executiva do Ecad.
Confira aqui o relatório completo ou veja no site 
Ranking das 10 músicas mais tocadas no Brasil com mulheres entre os autores
Nome da música
Autores
Posição no ranking geral
Parabéns a você
Bertha Celeste Homem de Mello/Mildred Junius Welch Hill/Patty Smith Hill
1
Medo bobo
Antonio Aparecido Pepato Junior/Carla Maraisa Henrique Pereira/Francisco Benicio de Sá Neto/Juliano Gonçalves Soares/Marcos Vinicius Soares de Oliveira
3
50 reais
Bruno Rigamonte Carneiro/Estanislau Alex Torricelli/Maykow de Carvalho e Melo/Naiara de Fatima Azevedo/Waléria Leão de Moraes
8
Propaganda
Alvino Gomes Alves/Diego Henrique da Silveira Martins/Marcia Regina Araújo Farias de Oliveira/Marder Bezerra Nunes
9
Eu sei de cor
Antonio Aparecido Pepato Junior/Élcio Adriano Carvalho/Gustavo Gomes Pereira/Larissa Ferreira da Silva
10
Vai malandra
André Murilo da Silva/Brandon Michael Green/Isaac Daniel Junior/Jose Henrique Castanho de Godoy Pinheiro/Larissa de Macedo Machado/Yuri de Jesus Pereira
11
Vidinha de balada
Diego Henrique da Silveira Martins/Larissa Ferreira da Silva/Nycollas Rick Damascena/Rafael Silva Borges
16
Loka
Janesson Caique de Jesus Bispo/Rafael Silva de Queiroz/Simaria Mendes Rocha/Simone Mendes Rocha
17
Made in roça
Dayane de Oliveira Camargo/Everton Domingos de Matos/Gustavo Martins Felisbino/Lara Menezes da Silva/Ray Antonio Silva Pinto/Victor Gabriel Silva/Wanderley Henrique Batista Filho
18
Closer
Andrew Taggart/Ashley Frangipane/Frederic Kennett/Isaac Edward Slade/Joseph A King/Shaun Charles Frank
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