A Região Metropolitana de Campinas continua registrando queda no número de infectados e de mortes causadas pela covid-19. O ritmo de queda, entretanto, está diminuído e pode ser reflexo das recentes flexibilizações das regras de isolamento e de funcionamento de atividades econômicas, sociais e religiosas. Na economia a boa notícia é que a RMC (Região Metropolitana de Campinas), diferente do restante país, continua dando sinais de retomada econômica segundo análises do Observatório PUC-Campinas entre 25 de abril e 1º de maio.
“Da perspectiva da saúde, a impressão atual é que a velocidade de desaceleração da epidemia está diminuindo. Ou seja, aparentemente estamos caminhando para um cenário de estabilização dos números em patamares elevados”, diz o infectologista André Giglio Bueno. O número de novas internações na DRS-Campinas apresentou queda de cerca de 6% em relação à última semana, contra média de queda de 15% por semana nas últimas três semanas.
O índice de isolamento em Campinas, cujos valores médios vinham permanecendo na faixa dos 40 a 42% há quase dois meses, desde a instituição da fase vermelha na cidade, passou a ficar consistentemente abaixo dos 40% nesta última semana.
Os dados analisados pelo Observatório registraram 9,45 mil casos no DRS (Departamento Regional de Saúde)-Campinas (variação de -1,37%, em relação aos casos registrados na semana anterior). Destes, 6,05 mil casos foram registrados na RMC (var. -0,56%) e 1,95 mil casos em Campinas (var. – 5,79%). Foram 414 mortes no DRS-Campinas (var. 1,22%, em relação as mortes registradas na semana anterior). Destas mortes, 300 ocorreram na RMC (var. -7,69%) e 114 em Campinas (var. 11,76%).
Campinas, Jundiaí e Santa Bárbara continuam entre os municípios com maior índice de mortes do DRS-Campinas, com 258,1, 256,2 e 251,1 mortes por 100 mil habitantes respectivamente. Esses municípios estão, inclusive, no grupo dos 25% dos municípios com maiores taxas de mortalidade, no estado de São Paulo, com corte em 225 mortes por 100 mil habitantes.
Economia reage
Na RMC, de acordo com dados analisados pelo Observatório PUC-Campinas, a criação de novos postos de trabalho segue em alta – foram 5,3 mil vagas em março de 2021, com saldo positivo de 23,7 mil postos no primeiro trimestre. Também os dados do setor externo, com aumentos de 18,1% nas exportações e 25,8% nas importações, mostram que até fevereiro a região dava fortes sinais de retomada.
Esses dados diferem do resto do país, que tem uma taxa de desemprego alta e crescente. Combinada com a drástica redução e atrasos na liberação dos auxílios federais para atenuar os impactos negativos da crise sanitária, devem tornar a falta de demanda no sistema econômico o principal problema a ser enfrentado para economia brasileira em 2021.
Em relação ao emprego, os últimos dados da PNAD-Contínua, para os meses entre dezembro de 2020 e fevereiro 2021, estimam uma taxa de desocupação recorde no Brasil de 14,4% (alta de 0.3 pontos percentuais), patamar que era de 10,5% na primeira semana de maio/2020.
Apesar dos indicadores regionais registrarem uma reação da economia, ela só deve conseguir recuperação sustentável depois que a vacinação atingir a maioria da população e com incentivos econômicos.
“Seguimos afirmando que, sem medidas realmente efetivas de proteção da renda e do emprego e sem a aceleração na taxa de vacinação a retomada da atividade econômica nacional e regional vai ser lenta. E, flexibilizações precoces, que exijam novas restrições em prazos muito curtos, não contribuem para retomada sustentada das atividades econômicas”, diz o economista Paulo Oliveira.
Os dados atualizados da covid-19 nos municípios paulistas, incluindo a RMC, podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório: https://observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/