A função do papanicolau é prevenir o câncer de colo do útero, rastreando precocemente as lesões causadas pelo HPV, que podem evoluir para o câncer se não tratadas. O principal item a ser observado é a avaliação das células colhidas, observando se há atipias ou sinais de malignidade. Além da descrição das células do colo do útero, o exame também traz informações sobre a flora vaginal, condição hormonal e presença de inflamação, o que confunde muitas pacientes sobre sua indicação nos corrimentos vaginais. O exame de Papanicolau não é bom para pesquisar bactérias ou fungos (há muita falha). Para isso, existem outros exames, como a bacterioscopia e culturas específicas para determinados agentes, além da detecção das partículas de vírus e bactérias pela técnica de PCR e captura híbrida.
E quem deve colher o papanicolau? De acordo com o ministério da saúde, mulheres entre 25 e 64 anos que já iniciaram vida sexual, com intervalo de 3 anos entre as coletas. Na prática clínica muitas vezes realizamos o exame anual e estendemos a coleta para mulheres maiores de 65 anos, conforme a avaliação do médico. Entretanto, o papanicolau deve ser evitado em meninas menores de 25 anos (ou menores de 21 anos, segundo algumas sociedades internacionais), pois a ocorrência de câncer de colo nesta faixa etária é extremamente rara, e as lesões do HPV extremamente comuns, gerando ansiedade e procedimentos desnecessários e danosos em alterações que se resolveriam sozinhas. Exceção se faz nas imunodeficientes, que devem iniciar a coleta assim que iniciada a vida sexual.
Helena Proni é graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Fez Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Aperfeiçoamento em Ginecologia Endócrina, Climatério e Anticoncepção; e Patologia do Trato Genital Inferior e Infecção pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. ?? mestre em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.