A piora do mercado de trabalho e as altas dos preços fizeram com que 14,6% das negociações salariais resultassem em ajustes abaixo da inflação no primeiro semestre de 2015. Ou seja, em 3 de cada 20 acordos com os patrões os trabalhadores tiveram poder de compra reduzido, o pior resultado desde que se passou a acompanhar o atual grupo de negociações estudado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em 2008.

Se considerados todos os estudos, o aumento é o maior desde 2004. No mesmo período de 2014, o equivalente a 2,6% dos acordos ficaram abaixo da inflação, segundo a instituição. O ajuste real (acima da inflação) médio, de 0,51%, também foi o menor desde 2004.
A proporção de ajustes acompanhando a inflação também teve queda. Com isso, o número de acordos que acabaram em aumento real (acima da inflação) caiu para 68,5% do total. Eram 92,7% no mesmo período de 2014.
Apesar do crescimento, a proporção de negociações mal sucedidas ??? do ponto de vista dos trabalhadores ??? ainda não bate a observada em outros períodos recentes que viveram o combo de desemprego e inflação em alta e economia em retração.
Em 1999, 50,32% das negociações resultaram em aumentos que não conseguiram repor a inflação, que fechou o ano em 8,43% segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), e em 2003, 58,2%, quando a inflação fechou em 10,38%.
A comparação não é, no entanto, perfeita, pois grupos diferentes eram levados em consideração.
ComércioCom ajustes reais médios de 0,63%, o setor de comércio conseguiu garantir acordos acima da inflação em 75,6% dos casos. Trata-se, no entanto, de uma forte queda ante o índice de 93,3% observado no primeiro semestre de 2014.
(fonte: Folha de S. Paulo)