Os pais de um aluno de 16 anos e dois professores da Escola Estadual Professor Almeida Junior, de São Paulo, estudam processar o parque Hopi Hari, acusando seguranças do local de agressão. Uma professora diz que os docentes receberam socos e que o garoto foi espancado e recebeu choques. Ela acredita que eles foram vítimas de racismo. A suposta venda de drogas na Noite do Horror, evento realizado pelo parque, também foi relatada.
O trio fazia parte de uma excursão com aproximadamente 300 adolescentes. A visita dos estudantes ocorreu em 18 de setembro, há um mês. Segundo uma das professoras que participou da visita e a diretoria da escola, as agressões aconteceram quando os alunos se preparavam para ir embora, por volta de 20h30.
Na reunião dos alunos para o retorno, um deles estaria sentado em um local proibido e um segurança, segundo uma professora que esteve no passeio, o repreendeu com a frase: “Saiam daí seus favelados. Aí não pode sentar não”. O garoto teria dito que aquela não era a forma de ser tratado e recebeu um soco no rosto, ainda segundo a docente.
A educadora relatou também que alguns professores tentaram se aproximar para entenderem o que acontecia e foram recebidos a tapas. Depois do início da confusão, o garoto agredido foi retirado do local por um professor e ambos seguiram para o estacionamento, na companhia da namorada do garoto. Nesse momento, foram perseguidos por 20 seguranças, apontou a professora.
“Eles (estudante e professor) perceberam a perseguição e se separaram (…) Quando os perseguidos se separam dez seguranças foram atrás do professor e dez atrás do menino. Eles alcançaram o menino e aí foi que aconteceu o espancamento, com direto a choque, socos, cassetetes e pontapés. Bateram muito até o menino ficar desacordado e começar a convulsionar”, informou a professora Lívia Lima, em sua página do Facebook.
Lívia disse que a namorada do rapaz gritou para que os seguranças parassem, pois ele iria morrer. Só então, um terceiro professor chegou ao local e uma ambulância foi chamada. O garoto ficou desacordado e precisou passar a noite em um hospital de Louveira, disse Lívia. A ida de ambulância ainda teve problemas, disse ela, pois o motorista não sabia a direção do hospital e não acionou a sirene.
Para a docente, houve racismo na atitude da segurança do parque. Ela disse que todos os professores e o aluno agredidos eram negros e que houve revistas com cães farejadores na entrada do parque e uma atitude hostil dos seguranças em relação aos garotos negros.A professora que denunciou as agressões na Internet ainda relatou que durante a Noite de Horror, ao som de música eletrônica, havia pessoas vendendo cocaína e lança-perfume.
De acordo com a diretoria da escola, por meio da assessoria de imprensa, os pais do garoto e os professores registraram boletim de ocorrência contra o parque em função do ato e já se mobilizam para entrar na Justiça. Em nota, a direção da escola informou que “após a situação absurda a que seus alunos e professores foram submetidos no parque, não serão organizadas novas excursões ao local.” O Conselho Tutelar acompanha o caso. TODODIA