No dia em que se inicia a corrida eleitoral, nem uma rápida pesquisa no site do TSE sobre as eleições em Americana de todos os candidatos cadastrados para as eleições e ainda aguardando julgamento pelo Cartório para a homologação de suas candidaturas alguns números me chamaram muito a atenção que me motivou escrever este artigo. Primeiro o quanto as eleições descrevem a face da sociedade, uma eleição predominantemente patriarcal, branca e burguesa. Vejamos: 
De todas as candidaturas cadastradas a maioria esmagadora é de homens brancos. Dos candidatos cadastrados 69% são homens e apenas 31% são mulheres, o inverso da representação por gênero da sociedade onde segundo dados do IBGE onde as mulheres representam a maioria da população brasileira somando 51,4 % da população, e quando a gente vai para a questão racial a disparidade é ainda mais gritante, onde 84% dos candidatos se dizem brancos e apenas 16% dos candidatos são negros, em uma população que segundo o mesmo IBGE é formada por 54% de negros. Dos 370 candidatos a Vereadores em Americana, apenas 21 candidatos tem menos de 30 anos de idades, ou seja, a minoria é formada por jovens. Estes números são um retrado de quanto a distorções nas representações política no Brasil é algo que necessita ser resolvida, e isto só vai acontecer com uma ampla reforma política que estabeleça uma nova relação dos candidatos com a população e não uma representação que cumpra a função de salvaguardar os interesses privados da minoria. Este pequeno recorte analisado aqui, pode ser traduzido em todo o território nacional. Mas, contudo a novidade deste pleito eleitoral é proibição do financiamento privado das campanhas eleitoral feita pelo Supremo Tribunal Federal e que somada a lei da Ficha Limpa vai dar uma novidade nestas eleições dando uma equilibrada nas disputas eleitorais no ponto de vista do teto de gasto nas campanhas.?? dentro desta realidade que estamos vivendo um momento da necessidade de uma profunda mudança na cultura política do país, um caminho para isto é indicado por Silvio Caccia Bava Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil, no editorial do mês de julho de 2016, quando o mesmo nos indica que para combater o retrocesso dos direitos dos trabalhadores/as deste país se faz necessário elegermos uma forte bancada da cidadania. Isto significa a necessidade de elegermos homens e mulheres capazes de propor uma nova agenda para a sociedade em um momento em que o governo golpista representante do capital financeiro internacional quer barrar os avanços sociais e cortar os direitos de trabalhadores/as. Eleger homens e mulheres que se comprometam a colocar na agenda nacional o debate da Reforma Política que corrija estas distorções acima mencionadas, que defendam o SUS, o SUAS e se coloquem contra a mercantilização dos serviços públicos, com a questão da água e da saúde pública e que garantam á todos ao direito a cidade. Este é o desafio colocado nestas eleições.  

Bruno Francisco Pereira
Sociólogo e Militante do Coletivo
Grito dos Excluídos de Americana e Nova Odessa