São Paulo SP intensifica rede de integração para rápida resposta a possíveis casos envolvendo pragas e doenças como a Influenza Aviária

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SP intensifica resposta a possíveis casos de Influenza Aviária

A conexão entre saúde humana, animal, vegetal e ambiental nunca foi tão evidente. Basta lembrar da epidemia de Covid-19 e de casos como o recente surto de Influenza Aviária nos Estados Unidos, responsável pela falta generalizada de ovos no país.

Neste contexto de risco  em que estão inseridos humanos e animais, é imprescindível uma abordagem integrada para fornecer soluções de maneira mais abrangente e efetiva. Pensando nisso, o Estado de São Paulo está implementando o Plano Estadual de Educação e Comunicação Social em Saúde Única, publicado em dezembro do ano passado. 

O objetivo do Plano é o de promover a integração, por meio de um fluxo de comunicação entre as Secretarias de Saúde (SES), Agricultura e Abastecimento (SAA) e Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL), aprimorando a vigilância epidemiológica das doenças, gerando a melhoria da qualidade e a saudabilidade dos alimentos, em sistemas produtivos sustentáveis em que se promova Uma Só Saúde.

Fazem parte do contexto de Uma Só Saúde, as zoonoses, doenças que podem ser transmitidas de animais para humanos, como por exemplo, a Brucelose, Tuberculose, Raiva e a Influenza Aviária, que é a principal preocupação do momento. Sendo assim, para que ocorra o controle dessas doenças, é necessária uma abordagem multidisciplinar,  explica o assistente agropecuário Cláudio Alvarenga Melo, médico veterinário da Inspetoria da Defesa de Agropecuária de Iguape.

Os assistentes agropecuários, profissionais técnicos que atuam nas unidades da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e na Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), são peça-chave no plano, já que são os responsáveis tanto por orientação, difusão de informações, quanto por ações de monitoramento, vigilância e atendimento das notificações de suspeita.

Desde quando surgiram os primeiros casos da Influenza Aviária no mundo, o Estado de São Paulo vem intensificando o monitoramento de aves silvestres migratórias, que podem trazer a doença para o Brasil. “Em fevereiro deste ano foi confirmado um caso de Influenza Aviária em ave de criadouro de subsistência na Argentina, o que elevou o nosso nível de atenção”, conta Cláudio. Em São Paulo, a resposta foi intensificar o monitoramento em regiões de rotas das aves silvestres migratórias, o que inclui todo o litoral.

“Para a faixa litorânea, contamos com a parceria de instituições que já fazem esse monitoramento de animais marinhos e aves. São equipes formadas por profissionais preparados que, ao encontrar uma ave marinha com sintomas característicos da doença na praia, a recolhe e comunica à Defesa Agropecuária. Coletamos material e enviamos para análise no laboratório de referência do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), sendo este, o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), em Campinas. Temos um protocolo que diz que todo esse processo tem de ocorrer em até 24 horas por conta do risco de transmissão”, detalha Cláudio.

Outra medida preventiva no litoral para evitar a disseminação da doença é a orientação para que a população não toque em aves que eventualmente sejam encontradas doentes ou mortas na praia. Em datas de grande fluxo de pessoas, como foi o Carnaval, são distribuídos panfletos com o alerta. Os criadouros comerciais de aves já fazem o monitoramento de toda e qualquer suspeita de síndrome respiratória e nervosa, sintomas que indicam a Influenza Aviária, de maneira contínua, até porque o registro de um único caso implicaria na necessidade de eliminar todo o plantel.

Mas há, também, criadores de aves para subsistência espalhados por todo o Estado de São Paulo. Para identificar de imediato uma ave sintomática nestes ambientes é necessário contar com a cooperação da população, para fazer o alerta, e de órgãos públicos daquela localidade para acionar a Defesa Agropecuária mais próxima, que dará início ao processo de investigação do caso, conta Cláudio. Somente nos primeiros dois meses deste ano, foram notificados e investigadas a comunicação de 19 aves suspeitas com sintomatologia compatível com Influenza Aviária no Estado de São Paulo, mas todos os casos foram encerrados como suspeita descartada.

Além do risco do vírus da Influenza Aviária poder afetar outras espécies animais, como suínos e bovinos e inclusive humanos, a ocorrência do surto causaria um grande dano ao setor avícola com graves prejuízos à economia, ressalta Cláudio. O registro da doença pode levar à eliminação de plantéis inteiros, o que provocaria perdas incalculáveis, reduzindo a oferta de produtos e prejudicando o abastecimento de ovos e de carne. Também impediria empresas especializadas na produção de material genético de aves de seguir exportando, como fazem atualmente.

A implementação do Plano de Comunicação fortalece a vigilância sanitária e a resposta rápida a surtos, garantindo a segurança da cadeia produtiva e minimizando impactos na saúde pública e na economia. Além do monitoramento constante, o plano aposta na educação sanitária e na colaboração entre órgãos públicos das áreas da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente, produtores rurais e a sociedade civil. Buscando assim, reduzir a incidência de zoonoses, proteger a biodiversidade e assegurar que São Paulo continue como referência na prevenção de doenças que ameaçam tanto o setor agropecuário quanto a população.

 

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