As cenas são de destruição e desespero. Bom seria se o que o assistimos pela TV nos últimos dias fosse apenas um trailer de um filme hollywoodiano. Infelizmente a tragédia é real, com uma região totalmente devastada pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais. Três anos atrás o Brasil chorava por situação semelhante, com a morte de 19 pessoas e mais de 300 desabrigados em Mariana, também no Estado de Minas, com o rompimento de uma barragem. Agora os números são ainda piores, com muitas mortes e ainda centenas de desaparecidos.
Não se trata de um acidente pontual, mas de um crime, uma tragédia anunciada, considerando que desde 2015 havia denúncias dos riscos de rompimento da barragem de Brumadinho. Foram atingidos principalmente funcionários da mineradora Vale e a população da região que estava instalada em pequenos sítios e pequenos condomínios. Falam em indenização às famílias, mas quanto vale cada uma dessas vidas perdidas? Chefes de família, mães ou jovens que ainda tinham uma vida toda pela frente. Por falta de fiscalização, por irresponsabilidade dos governos federal e estadual, o Brasil vive mais um triste momento, uma situação de vergonha perante o mundo. O primeiro crime ambiental em Minas Gerais foi insuficiente para que o governo e empresas evitassem sua repetição? A empresa Vale e os envolvidos devem responder criminalmente, sendo responsabilizados severamente, seja nas áreas cível, ambiental, criminal como trabalhista. Considerando ainda que a Vale é reincidente, lembrando o caso de Mariana. A mineradora agora diz ter um plano para um novo padrão de segurança nas barragens de rejeitos de mineração. Depois de duas grandes tragédias. Chega a soar como chacota. Após três anos, ninguém foi condenado pelo desastre ambiental em Mariana e os processos na Justiça sequer têm data para julgamento. O Brasil precisa de legislações ambientais mais duras, com penas severas.Se há algum conforto em meio a toda essa tragédia são as mãos que salvam, a coragem de bombeiros e voluntários no resgate das pessoas e animais. São imagens que ainda nos fazem acreditar nos homens. Logo após o desastre, por todos os cantos do país já se levantavam campanhas para arrecadação de donativos. Diante de tamanha dor e sofrimento, a bondade, a compaixão e a solidariedade do povo brasileiro merecem destaque. Muitos enlutados e outros ainda sofrem por familiares desaparecidos. O momento é de chorar com os que choram e ajudar em tudo o que nos é possível. ** Chico Sardelli é deputado estadual pelo PV