Num tempo em que a medicina prolonga a nossa vida e até se fala em imortalidade, cabe refletir como a arte faz, de fato, as pessoas viverem eternamente. O filme ‘Bohemian Rhapsody’, dirigido por Bryan Siger, é uma prova disso. Seu tributo à banda Queen, e especificamente ao cantor Freddie Mecury, emociona.

O ator Ramil Malek encarna o artista de tal maneira que parece impossível acreditar que ele já tenha morrido. E não se trata de um filme laudatório apenas, pois a personalidade controversa do vocalista inclui seu temperamento forte, vaidade exacerbada e envolvimento com bebida e drogas.
No entanto, o que fascina, além da biografia, é a arte. E o filme mostra os principais sucessos da banda, enfatizando as soluções ousadas em termos musicais e de duração de faixas, por exemplo, como os célebres 6 minutos da música que dá título ao filme, quando as rádios no máximo tocavam singles de 3 minutos.
O difícil relacionamento entre os quatro integrantes do grupo é um dos pontos altos, assim como o show Live Aids, em Londres, em 1985. O mais importante está em cristalizar um legado, em que a apresentação no Rock in Rio, também naquele ano, foi um marco. Incongruências cronológicas à parte que o filme apresenta, pela arte que é mostrada, fica claro que a banda não morrerá jamais. Que assim seja!
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.