Hoje vou escrever sobre um assunto que está em pauta e muita discussão porque há quem diga que tais cotas nas universidades públicas significam que o racismo está presente e é defendido pelas universidades públicas paulistas. Aqui é bom fazer um comentário em face de uma reportagem da Folha publicada em julho de 2015 “A cicatriz do racismo” que, em resumo, mostra um professor doutor, negro, da Unesp ??? unidade de Bauru ??? sendo chamado de “macaco fedido”, por alunos da universidade e que em um banheiro destinado aos alunos escreveram nas paredes várias mensagens racistas obrigando a universidade a se manifestar e apurar os responsáveis, realizar debates para mostrar que o racismo é crime e, mais do isso é burrice por que somos todos iguais, perante Deus e a sociedade não importando a cor da pele e sim a qualidade da pessoa.
Eu sei que a Unesp é muito ágil e rigorosa nesses assuntos fora do normal e deve ter resolvido esse problema inclusive fazendo campanhas e debates para mostrar que o racismo é crime e, ao mesmo tempo burrice como eu já disse linhas atrás. Um importante autor da nossa literatura já dizia há décadas que “O racismo no Brasil só vai acabar quando todos os brasileiros forem mulatos”.
Creio que vale a pena transcrever o que diz a nossa Constituição no artigo 3º. item IV – Promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de descriminação.
Nesta altura deste trabalho quero apresentar o que o professor Nabil Bonduk conhecido especialista em estudos sobre as cotas nas universidades que diz: Ventos novos na USP (Universidade de S. Paulo)? e completa: passou um fim de semana lendo histórias emocionantes de jovens pretos, pardos e indígenas (ppi) e brancos cotistas em universidades públicas e conclui: Filhos de porteiros, de empregadas domésticas, de motoristas de ônibus, de manicures, de pedreiros e de faxineiras.
E são aqueles que ocupam a base da pirâmide social e são os primeiros universitários das respectivas famílias. Muitos netos de avós analfabetos. Jovens que enfrentaram as dificuldades da pobreza e as deficiências da escola pública e tiveram uma oportunidade que lhes permitiu chegar à universidade por esforço e méritos próprios. Não por um assistencialismo, nem por uma meritocracia insensível que preserva privilégios. Para os cotistas a universidade será uma ferramenta de ascensão social e é isso que incomoda a muita gente que ocupa as áreas mais altas da pirâmide social. Agora eu me apoio no artigo do professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite “Universidade pública e as cotas”. Em certo trecho de seu trabalho diz para que serve uma universidade? E dá um exemplo: escolas públicas de medicina são criadas pelo governo porque as comunidades precisam de médicos e não porque os futuros médicos precisam de empregos e para estes são criadas as faculdades privadas. As universidades públicas são criadas porque elas devem gerar e difundir conhecimento.
Se no passado havia argumentos para condenar as cotas por causa do risco para a qualidade do ensino e das pesquisas não há essa possibilidade porque a experiência mostra que os cotistas não são inferiores aos demais resultados acadêmicos. Na verdade, o que mais se busca é uma sociedade mais civilizada e com menor injustiça social, com menores disparidades de renda e melhor qualidade de vida. Marcos Alegre, professor emérito da Faculdade de Ciências e Tecnologia FCT/UNESP e ex-diretor dessa mesma instituição. Contato: maralegre@ig.com.br.