No Rio de Janeiro, foram registrados 194 casos de tráfico de pessoas para fornecimento de mão de obra escrava, sobretudo na construção civil e em pastelarias. Foi o que afirmou Sávia Cordeiro, da Secretaria Estadual de Assistência Social e de Direitos Humanos (Seasdh), ao participar de um curso de capacitação sobre o tema promovido pela Defensoria Pública do Estado (DPRJ), na sua sede no Centro. O evento faz parte das ações do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.

Destinado a quem trabalha no Sistema ??nico de Saúde (SUS) e no Sistema ??nico de Assistência Social (SUAS), o curso sobre tráfico de pessoas e trabalho escravo organizado pela defensora pública Gislane Kepe teve como principal objetivo capacitar esses profissionais para que possam reconhecer as pessoas submetidas a essas violações, acionar a rede de proteção e, assim, contribuir com o resgate das vítimas.
No evento, a palestrante Sávia destacou que um olhar atento pode ajudar a interromper uma situação de exploração. Ela citou como exemplo um chinês atendido no Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Seasdh, do qual é responsável. De acordo com ela, o órgão foi acionado pelo profissional de saúde que prestou socorro ao homem, em um hospital do Rio. Ele fora vítima de diversas agressões física por parte de seu empregador, um dono de pastelaria, que o submetia ao trabalho escravo.
Os chineses, segundo a especialista, são os mais traficados para o trabalho escravo no Rio. Completam esse perfil também os brasileiros oriundos do Nordeste, que são cooptados com a promessa de empregos dignos na construção civil, mas acabam sendo explorados. Sávia explicou que a maioria das pessoas traficadas no estado são homens, têm entre 18 e 35 anos e possuem baixa escolaridade.
Segundo a especialista, é importante fortalecer a rede de proteção, por isso a necessidade das pessoas denunciarem as suspeitas ao Disque 100 e ao Disque 180, ou procurarem algum órgão do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação ao Trabalho Escravo, como o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública, o Ministério Público do Trabalho ou o Ministério do Trabalho e Emprego.