Somos lentos, inclusive para acompanhar a rapidez da nossa própria tecnologia. A maior parte dos jovens brasileiros hoje já tem acesso a celulares e internet, mas a nossa educação ainda não sabe direito o que fazer em meio a atual revolução digital. Ou seja, na prática os nossos professores como que já possuem a pólvora de uma nova didática nas mãos, mas continuam empunhando as espadas enferrujadas de sempre.
Em meio a isso, é fato que o cinema hollywoodiano encanta mais facilmente e a mais pessoas do que qualquer monólogo simples. E é uma comparação injusta: o novo audiovisual lado a lado com o orador tradicional. Porém, tal disputa não precisa necessariamente existir. Pois, já que sabemos que um documentário de 20 minutos consegue ser dez vezes mais cativante e eficiente que uma aula-monólogo tradicional de 2 horas, então precisamos de uma autocrítica urgente e transformadora.
De modo especial no ensino superior. Lidando com adultos, o ensino à distância (EaD) não apenas é uma alternativa economicamente mais produtiva, mas também pode levar a um progresso intelectual na formação dos estudantes. Devagar, por isso, as universidades mundo afora estão acolhendo e promovendo as novas tecnologias da comunicação. Estão descobrindo que o celular e a internet, muito diferente de inimigos, podem ser instrumentos didáticos inovadores do processo de ensino-aprendizagem.
Porém, os educadores do século XXI, para acompanhar essa transformação cibercultural, terão um perfil profissional diferente e bem mais exigente do que antes. Uma vez que não basta mais apenas giz e saliva, os professores de hoje, e cada vez mais, não podem se apresentar apenas como meros transmissores de informação. Ora, assim como o acesso a dicionários e a enciclopédias tradicionais diminuiu com a ascensão da internet, também a necessidade de professores reprodutores de conteúdo também vai diminuir.
Essa nova educação superior que vemos se desenvolver, tentando elevar o seu padrão de qualidade (ensino, pesquisa e extensão) enquanto procura correr atrás das inovações tecnológicas já disponíveis, demanda também novos educadores. Educomunicadores: educadores multimidiáticos, capazes de não apenas estar à frente de uma sala de aula, mas também criativamente à frente de microfones, filmadoras e computadores.
Esse desenvolvimento de novas competências será exigência cada vez mais comum na formação docente. E professores, especialmente os universitários, que insistirem no ensino tradicional, de baixa comunicabilidade, serão vistos como retrógrados pelas novas gerações de alunos nativos digitais, acostumados com a velocidade de circulação das informações e com a graça que emana do cinema, dos games, do Youtube, do Facebook… A educação do terceiro milênio, enfim, não tem alternativa: ou se torna uma “cibereducação” ou será vista como a forma atual de educação da palmatória, arcaica e desvinculada da realidade da vida.