Justo agora! Quando a economia enfim dava indícios de que iria sair da maior e mais severa recessão que o Brasil já atravessou, quando se noticiava que a inflação parecia estar controlada, que as taxa as de juros estavam diminuindo, que as reformas trabalhista e previdenciária estavam sendo acertadas politicamente para serem aprovadas e conferir alguma estabilidade ao Brasil, justo agora, no final da tarde da quarta-feira, vem a “bomba” política. O presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves e outros dos mais “notáveis” políticos estavam envolvidos nas maiores falcatruas do Grupo JBS. Somente mais um uma falcatrua, mas certamente a maior.

Para que a economia funcione corretamente é necessário que haja ordem econômica e política. As duas se completam, e quando uma delas chega neste patamar de desfuncionalidade, não há solução para a outra.

A economia brasileira tem todos os requisitos para funcionar bem: temos mercado consumidor, capacidade gerencial de produção, indústria de base instalada, contas externas em perfeita ordem, assim como o sistema financeiro/bancário operacional (talvez dos melhores do mundo). Enfim, temos todos os requisitos necessários para que a economia funcione em plena atividade, auferindo lucros, gerando empregos, com o pagamento de tributos e com o estado fornecendo a devida assistência social.

Mas conseguimos o que parecia ser o mais difícil, desordenar esta estrutura. Primeiro foi estagnar a economia. Depois de quase uma década de crescimento e desenvolvimento, se ingressou num ciclo inflacionário, estagnação, desemprego, ruína das contas públicas e consequente descrédito internacional. O voo do gigante, um dos ilustres membros dos “Brics”, não passou de um voo de galinha!

Agora, quando enfim parecia que sairíamos da imensa crise, quando enfim as notícias deixaram de ser repetidamente ruins, vamos ingressar em uma crise política, pela qual vamos descer mais alguns degraus na escada da instabilidade.

As reformas propostas eram abaixo do necessário. Tanto a previdenciária como a trabalhista eram meros paliativos, serviriam mais para dar a impressão que algo estava sendo feito, quando, na verdade, seriam uma maneira de perpetuar o que já está aqui: um sistema improdutivo, arcaico, concentrador de renda, muito corrupto e cuja maior finalidade é de preservar os privilégios das castas política e econômica. Ficou o pior dos cenários, porque estes dois segmentos se uniram para comandar, manter seus privilégios, à custa da destruição de toda a nação.

Não existe solução fácil. Tem que cortar profundamente na carne. As soluções que estão sendo apresentadas não vão trazer modificações representativas. São meros paliativos. Fazer eleições diretas (como se fosse fácil ou possível), indiretas, mover em direção do impeachment, são condutas que vão apenas promover a manutenção do que atualmente vige. Se quisermos mudar, teremos que trazer modificações radicais. Não há solução econômica se não houver uma solução política anterior.

Bence Pál Deák é economista, advogado especializado em Direito Imobiliário e sócio do Deák Advogados.