A CPFL Energia, maior grupo privado do setor elétrico brasileiro, irá investir R$ 66 milhões no Programa de Armazenamento de Energia, uma série de três projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) para analisar os impactos da inserção e utilização de sistemas de armazenamento de energia (como baterias) em toda a cadeia do sistema elétrico, da geração até o cliente final. Trata-se do maior investimento em P&D já realizado pela CPFL Energia e um dos maiores de todo o setor. Os projetos serão desenvolvidos de 2017 a 2021 e irão envolver 126 profissionais e pesquisadores, contando com a participação de 3 universidades brasileiras.
O programa, que ocorre no contexto da Chamada de Projeto de P&D Estratégico nº 21/2016 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), tem como objetivo investigar os efeitos e impactos da inserção de tecnologias de armazenamento de energia no sistema elétrico brasileiro. A partir de aplicações e análise de dados reais, fomentará a capacitação profissional e conhecimento sobre o tema, subsidiando agentes do setor elétrico ao recomendar ajustes para superar barreiras técnicas, regulatórias, legislativas e de tecnologia, base para permitir a aplicação na geração, transmissão, distribuição de energia e consumidor final em larga escala no futuro.
Além disso, as iniciativas serão integradas a outros projetos de P&D já realizados pela CPFL Energia, consolidando Campinas como um dos principais laboratórios vivo da América Latina no que está relacionado a redes elétricas do futuro. Com essa estratégia, o programa possibilitará ter uma visão em escala real de como deve se comportar o mercado futuro do setor elétrico no País, por meio da análise conjunta do desempenho de tecnologias de armazenamento de energia em conjunto com resultados obtidos em pesquisas sobre a utilização de energia fotovoltaica (Projeto Telhados Solares), veículos elétricos (Projeto Emotive) e medidores inteligentes.
???Impulsionado por mudanças nos hábitos dos consumidores e pelo surgimento de novas tecnologias, o setor elétrico está passando por uma grande mudança. A CPFL Energia busca investir em projetos de P&D que contribuam para que o setor e a sociedade estejam prontos para os novos desafios, como tem sido feito com o Projeto Emotive, o projeto Telhados Solares, e, agora, com o Programa de Armazenamento de Energia???, afirma o diretor de Estratégia e Inovação da CPFL Energia, Rafael Lazzaretti.
Da geração eólica ao cliente final O Programa de Armazenamento de Energia terá frentes em todos os segmentos do setor elétrico. O objetivo é verificar o papel dos sistemas de armazenamento de energia na qualidade e confiabilidade do fornecimento de energia em uma matriz energética que tende a se diversificar, como a brasileira, além de colaborar com o desenvolvimento de modelos regulatório e de negócios. Nos segmentos de geração e transmissão, o foco dos estudos será analisar como as baterias podem contribuir para otimizar a produção de energia elétrica de fontes renováveis intermitentes – como a eólica e solar, além de mitigar possíveis investimentos em linhas de transmissão. Serão investidos em torno de R$ 26 milhões neste projeto, e as pesquisas serão realizadas em usinas eólicas da CPFL Renováveis localizadas no Rio Grande do Norte, em parceria com acadêmicos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura (ITEMM) e da PSR Consultoria em Energia.
Na distribuição, com investimento aproximado de R$ 32 milhões, serão desenvolvidas aplicações de sistemas de armazenamento para redes elétricas, desde a subestação em alta e média tensão até o consumidor em baixa tensão. Aqui, o projeto terá integração com outras iniciativas de P&D em curso pela CPFL Energia, como mobilidade elétrica e geração solar distribuída, e os investimentos em smart grid.
???Ao testar o uso de baterias nas redes de distribuição, queremos entender o impacto disso na conservação e aproveitamento de ativos, na redução de pico de consumo e perdas de energia e na melhoria da qualidade e confiabilidade do fornecimento, além da integração com a energia solar, veículos elétricos e microgrids???, diz Lazzaretti. Este projeto contará com apoio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Instituto Lactec.
Para avaliar o impacto de uso de baterias para os usuários finais, serão selecionadas, com base em especificações técnicas, empresa da região de Campinas que utilizem geradores a diesel como backup no horário de pico do sistema. O intuito é analisar a viabilidade técnica e econômica do uso de sistemas de armazenamento para operação em clientes comerciais, substituindo a geração a diesel. Este projeto contará com a participação do Departamento de Energia (GEPEA) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP e do Fundo para Desenvolvimento Tecnológico para Engenharia (FDTE).
Além do desenvolvimento de novos serviços, modelos de negócios e proposições regulatórias, o Programa de Armazenamento de Energia também pretende contribuir com a capacitação da mão-de-obra do setor. A intenção é contribuir para a formação de profissionais na área para promover o desenvolvimento da tecnologia.
O armazenamento de energia por meio de baterias é uma tendência global, fruto do barateamento da tecnologia e do avanço das usinas eólica e solar. Até 2026, a expectativa é que a capacidade instalada de baterias de grande porte conectadas à rede elétrica alcance em torno 18 mil MW e as de baterias de pequeno porte, de uso doméstico, 16 mil MW, de acordo com dados da Navigant Research. Atualmente, o uso das baterias para as duas finalidades é um pouco superior a 1,5 mil MW.