A humorada solução proposta para o Brasil que ouvi, dia desses, fundamentada, provavelmente, na lógica captada por Nelson Rodrigues (o “complexo de vira-latas”) chega a atrair adeptos: Devolver para Portugal e pedir desculpas pelos danos.

Pensei, de imediato: Bem, nesse caso, os lusitanos teriam que devolver para os indígenas; e ajoelhar por perdão pelas atrocidades acumuladas.
Anedotas à parte, e complexo de vira-latas também, o fato é que passou há muito da hora de responder à pergunta que não cala: o que quer ser e o que pode vir ser o Brasil?
Enquanto as respostas não são encontradas ??? até porque, afinal, parece que ninguém, por aqui, está formulando as perguntas ??? o país vai trilhando o caminho do quase nada a coisa nenhuma, sem bússola nem habilidade para utilizar uma.
O que representa o Brasil, hoje, na economia global e na comunidade internacional? Que Nação é o Brasil para o seu próprio povo?
Mirado de dentro para fora ou de fora para dentro, um oco, uma sombra, uma dúvida, um desalento. A isso foi reduzida a Terra de Santa Cruz.
Por quem? Em benefício de quem? Com que artifícios e artimanhas?
Que sonhos, projetos (para não abusar, falando de utopias) pode o Brasil acalentar e urdir, no horizonte de uma, duas, três gerações (sem cair em patriotismos vis ou patriotadas doidas)?
Quem, por aqui, atualmente, está preocupado em ir além do “economize e pague a conta” que impõe a Quaresma sem passar pelo Carnaval? Quem, vendo isso acontecer, está se movendo para afastar para longe este cálice?
Cadê Momo? Terá seguido o destino de Dom Sebastião? 
Valdemir Pires é professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara