Com a queda progressiva e anual da prensagem de discos e CDs, o mercado fonográfico brasileiro também se reinventou gradativamente, e novas formas de veiculação e distribuição de mídia tem se reafirmado de maneira positiva, com grande retorno e aceitação mercadológica, prometendo ser uma grande tendência para as próximas décadas. As vendas de CDs físicos tiveram declínio na média mundial de 5,4%, enquanto no Brasil, em que o mercado varejista diminuiu ainda mais, a queda verificada foi mais de dez vezes maior, de 56%.
As gravações e o processo de produção musical nunca estiveram tão fortes, pois as obras de uma coletânea agora podem ser adquiridas por download, via aplicativos tradicionais, como Itunes, Google Play, ou via streaming, ligados à telefonia móvel, como Spotfy, Deezer e outros.
O mercado diminuiu a prensagem, mas em contrapartida, aumentou a produção fonográfica.
Segundo dados de ???O Estado de São Paulo??? (24/04/2018), ???graças ao streaming, o mercado fonográfico brasileiro cresceu 17,9% em 2017 na comparação com 2016.??? Os dados foram publicados pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) e pela Pró-Música Brasil ??? Produtores Fonográficos Associados. Ainda segundo o artigo, ???a maior adesão a plataformas como Spotify, Apple Music e Deezer fez com que o avanço do streaming no Brasil fosse de 64% ano passado; no mundo (onde os assinantes já somam 176 milhões de pessoas), foi de 41,1%.???
Dessa forma, o acesso ao consumo dos produtos artísticos também se modificou. Cada faixa (fonograma) também é considerada uma obra individual (assim como na situação de prensagem), mas com o diferencial da possibilidade de ser adquirida individualmente, via download ou streaming, gratuito ou pago.
Em contrapartida a essa nova tendência, o conceito de disco, CD ou coletânea, que compreende o conjunto de faixas de um mesmo trabalho, ainda existe, daí a necessidade de uma identidade visual (encarte) que identifique e exiba informações sobre a obra. O mercado fonográfico tem deixado de prensar CDs e singles, mas não de investir em uma imagem de qualidade, que identifique e possa caracterizar e difundir a obra fonográfica.
O que mudou no custo final para o mercado fonográfico é a ausência de prensagem, mas a ainda necessária produção de encarte digital contendo as informações da obra e adequado para difusão nos meios de download e streaming. Sua imagem reduzida será associada a cada faixa e identificando a que trabalho ela pertence, além do ISRC, código que nacional e internacionalmente continua validando todos os fonogramas produzidos.
Na necessidade de um produto físico, há ainda a alternativa de brindes digitais, como cartões promocionais pendrive, feitos em quantidade diminuta e de acordo com as necessidades de cada empresa. A identidade visual do trabalho pode ser impressa diretamente nesses cartões e as faixas inseridas no produto. Em resumo, a gravação e produção musical (processo independente da prensagem) segue pelas mesmas etapas de antes, mas da seguinte forma:
??? Cada faixa ainda recebe um código específico (ISRC) emitido pelo Selo Fonográfico (CDWB) e autorizado pela filial ECAD a que o selo se encontra associado.
??? O processo de gravação continua o mesmo, até a etapa final de entrega de máster (prova definitiva), que pode ser feita alternativamente por pendrive, cartão de memória, upload em nuvem, HD virtual ou externo, e não necessariamente em CD master.
??? A aquisição do produto pode se dar de forma fragmentada (faixa por faixa), individualmente, ou o conjunto total da obra ( faixas + encarte informativo) via plataformas de download, streaming, portal, site ou link que o detentor da obra autorizar e publicar.
Dessa forma, espero ter proporcionado um panorama geral das tendências do mercado de gravação, assim como a real viabilidade da produção fonográfica, em constante resignificação e em acordo com as práticas atuais e as novas mídias de reprodução e difusão da música. A gravação vive,
Daniele M. Garcia