O mercado de trabalho para pessoas com deficiência vive momentos de grande desafio: se por um lado faltam trabalhadores para preencher milhares de vagas, por outro, faltam comunicação, formação e preparo tanto das empresas como das pessoas com deficiência.
Estudos realizados pela pesquisadora Guirlanda Maria de Castro Benevides, em sua tese de mestrado na Unicamp, mostram que, se a Lei de Cotas (Lei nº 8.213/91 que diz que empresas com mais de 100 funcionários devem contratar uma parcela de pessoas com deficiência) fosse cumprida totalmente poderia garantir, no Brasil, aproximadamente 730,1 mil empregos para as pessoas com deficiência. Porém, com os dados analisados, somente 354,8 mil vínculos empregatícios estavam preenchidos por pessoas com deficiência ou reabilitados no mercado de trabalho, o que significa a ocupação de 49% das vagas disponíveis.
Em Campinas, ainda segundo os dados analisados pela pesquisadora, há 304 empresas sediadas, que, por sua vez, agregam 3.155 estabelecimentos situados nas diversas localidades do país. Constatou-se que das 6,3 mil vagas disponíveis (potencial de contratação) de acordo com o cálculo da “Lei de Cotas”, 51,5% estão ocupadas, cerca de 3,1 mil.
O resultado é que sobram vagas. E porque não estão sendo ocupadas?
Esse e outros assuntos relacionados ao tema serão discutidos nos dias 6 e 7 de dezembro de 2018, em Campinas, no auditório da UNISAL ??? Centro Universitário Salesiano de São Paulo, durante o III Encontro Nacional do Emprego Apoiado promovido pela ANEA ??? Associação Nacional do Emprego Apoiado, que fomenta ações em prol da inclusão no trabalho das pessoas com deficiência.
Outros estudos mostram que o primeiro impeditivo relativo à inclusão de pessoas com deficiência refere-se à falta de acessibilidade: barreiras arquitetônicas, urbanísticas e de comunicação acabam por privar indivíduos da possibilidade de acessar seus possíveis locais de trabalho. “Outro desafio refere-se ao despreparo das empresas para receber pessoas com deficiência, raramente identificando em seus funcionários a prática de comportamentos ditos “adequados” para prover a essas pessoas acesso a tudo o que as empresas oferecem, de maneira respeitosa e inclusiva. No caso da inclusão de pessoas com deficiência intelectual, há a necessidade de adaptações de materiais de treinamento para uma linguagem mais simples e o próprio preparo comportamental da equipe, o que muitas vezes não ocorre”, revela Livia Rech de Castro, membro da diretoria da ANEA.
Esses são alguns dos motivos porque grande parte dos participantes do Encontro Nacional é formada por profissionais de recursos humanos das empresas. Elas buscam informações e trocas de experiências com outras companhias do Brasil e do mundo, onde a questão está mais evoluída e os resultados são surpreendentes. “A inclusão laboral nos EUA atinge 30% das pessoas com deficiência (sempre entre 16-64 anos) apesar de não ter lei de cotas”, conta Fernando Heiderich, diretor da Organização Meta Social.
No Brasil, o grande desafio da ANEA está na disseminação da metodologia do Emprego Apoiado. “Hoje há profissionais qualificados, tanto em instituições quanto autônomos, para atender pessoas em situação de deficiência ou que necessitam mais apoios para buscarem e se manterem em empregos formais que sejam compatíveis com seus interesses e habilidades”, esclarece Livia Rech de Castro. A ANEA pode apoiar esta busca por profissionais ou instituições.
O III Encontro, que tem o apoio da Unisal, FEAC, CEESD e Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, reunirá diversas organizações e profissionais que promovem a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho utilizando o método do Emprego Apoiado como Romeu Sassaki, Alexandre Betti, Maria Fernanda Prezia, Juliana Righini, Alexandre Carvalho, Jéssica Cardozo, Sinival Pinheiro, Oswaldo Barbosa, Fernando Vidoi, Lívia Rech, Yvy Abbade entre outros. Dentre as organizações participantes teremos: CEESD Campinas, UNILEHU, APABEX, ABADS, Amor pra Down, Associação Homem do Amanha e GEDI/PUC Minas.
O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas no https://www.sympla.com.br/iii-encontro-nacional-do-emprego-apoiado__391823.
Mais informações com Livia Rech de Castro, membro da diretoria da ANEA, no celular (19) 99199.6558.