Nova Odessa fechou o primeiro trimestre deste ano com o menor volume de captação de água para o abastecimento da população em nove anos. Entre janeiro e março, foram tratados 1,341 bilhão de litros (média de 14,898 milhões por dia), quantidade 12,7% inferior à registrada no mesmo período de 2013, ano que marcou a guinada novaodessense na gestão hídrica com a implementação de uma política de investimentos que elevou a cidade à categoria de “país desenvolvido” no controle de perdas de água tratada, segundo classificação da IWA (Associação Internacional da Água (IWA, sigla em inglês). Os dados são do CCO (Centro de Controle Operacional) da Coden (Companhia de Desenvolvimento de Nova Odessa), empresa responsável pelos serviços de água e esgoto no município.
De acordo com números divulgados pela companhia, nos últimos dez anos, o menor volume de água tratada pela ETA (Estação de Tratamento de Água) do município havia sido registrado em 2010 (a comparação não leva em consideração 2015, ano em que São Paulo sofreu uma das piores crises no abastecimento de sua história). Nos primeiros três meses daquele ano, foram tratados 1,29 bilhão de litros de água bruta (em média, 14,21 milhões por dia) para o abastecimento de 51.242 pessoas, conforme apurado no censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A média diária tratada nos primeiros trimestres dos quatro anos subsequentes foi de 16,56 milhões de litros, com pico de 16,88 milhões de litros em 2013 – 1,536 bilhão de litros em janeiro, fevereiro e março. “Quando assumimos a Prefeitura, a Coden precisava tratar quase 17 milhões de litros de água por dia para abastecer nossa população, que era de 55 mil pessoas. Hoje, com quase 60 mil habitantes, estamos tratando menos, entre 14 e 15 milhões. Nosso sistema está mais eficiente e seguro, o que nos permite retirar menos água das represas e gastar menos com tratamento”, avaliou o prefeito de Nova Odessa, Benjamim Bill Vieira de Souza.
O prefeito credita a eficiência ao investimento de R$ 50,1 milhões feito nos últimos seis anos pela Coden, empresa de economia mista controlada pela Prefeitura. Além da expansão da rede coletora e a ampliação da capacidade de tratamento de esgoto, a companhia substituiu 50 quilômetros de redes antigas de água tratada por tubulação de alta densidade, mais resistente e durável, trocou 6,6 mil ligações residenciais e 11 mil hidrômetros, adquiriu modernos dispositivos de controle de pressão; tudo para ampliar o monitoramento dos sistemas de captação e distribuição. Com isso, reduziu o índice de perdas (água tratada que se perde entre os reservatórios e as residências) de 45,1% em 2012 para 26% em 2018 e ampliou a disponibilidade de água na rede.
A dinâmica que aumentou a disponibilidade de água tratada com qualidade nas torneiras dos consumidores também tem garantido a “saúde” das represas que compõem o sistema de abastecimento. Segundo relatório encaminhado semana passada ao Daee (Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica), os reservatórios operavam com 84,6% da capacidade total de armazenamento, que é de 2,4 bilhões de litros.
O presidente da Coden, Ricardo Ongaro, destaca a redução gradativa do volume anual de captação nos últimos anos. Em 2013, foram captados 5,9 bilhões de litros para o abastecimento de 20.491 imóveis. Já no ano passado, a companhia retirou 5,3 bilhões de litros dos mananciais para 23.708 casas e estabelecimentos. Enquanto o número de unidades de consumo subiu 15,7%, a quantidade de água captada caiu 11%. “Sustentabilidade Hídrica é isso: mais pessoas com saneamento básico e menos extração de matéria prima da natureza, ou seja. menos água beneficiando mais pessoas. Acredito que a água é e sempre será a mesma, até porque o ciclo da água é fechado, precipita, escoa, infiltra, evapora, condensa e precipita novamente e assim por diante”, explica Ongaro.
A eficiência do sistema de abastecimento de Nova Odessa foi destacada no relatório divulgado este mês pela ANA. Segundo o “Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil”, que traz um panorama das demandas pelos recursos hídricos em todos os municípios brasileiros entre 1931 e 2030, a cidade está entre as cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) que menos retiram água de rios e represas.