A inadimplência do consumidor caiu 1,9% em junho na comparação com maio, já descontados os efeitos sazonais, de acordo com os dados nacionais da Boa Vista. Em relação a junho do ano passado, o indicador recuou 2%. Com isto, ele acumula queda de 5,3% no ano e 3% no acumulado 12 meses (julho de 2018 até junho 2019 frente aos 12 meses anteriores).
Regionalmente, na análise acumulada em 12 meses, todas as regiões ainda registram queda: Centro-Oeste (-4,6%), Norte (-3,3%), Nordeste (-3,2%), Sul (-6,5%) e Sudeste (-1,8%). A região Sudeste foi a única a apresentar alta na comparação mensal (0,7%).
A queda da inadimplência observada desde o final de 2016 pode ser explicada pela maior cautela das famílias, pela capacidade de endividamento dos consumidores ainda limitada pelo fraco crescimento da renda e pelo efeito defasado da maior seletividade dos bancos no período mais agudo da crise.
Com isto, a inadimplência dos consumidores atingiu um patamar historicamente baixo, o que proporcionou a redução dos juros e motivou o aumento das concessões a partir de 2017.
Os economistas da Boa Vista têm alertado que o elevado nível de desocupação e subutilização da mão-de-obra, somado à lenta recuperação da renda, aumenta o risco de que a expansão recente dos empréstimos resulte em maior inadimplência.
Por enquanto, ao menos, porém, o indicador de registros de inadimplência não aponta nesta direção. Após a alta de maio, o indicador voltou a recuar em junho. A queda no acumulado em 12 meses, por sua vez, segue em trajetória de aceleração.
O avanço da reforma da Previdência e seu impacto na redução dos juros futuros são uma boa notícia para o mercado de crédito, que também tende a ser favorecido pela inclusão automática no Cadastro Positivo, em vigor desde o último dia 9.
Apesar da inadimplência baixa e do avanço em medidas estruturais, contudo, uma retomada mais vigorosa do crédito aos consumidores, sem aumento dos riscos, segue condicionada às condições do mercado de trabalho e ao endividamento das famílias.