A Ocupação Vila Soma completou nesta semana 10 anos de fundação e foi homenageada na Câmara de Sumaré. De autoria do presidente da Casa, vereador Willian Souza (PT), a moção de congratulação pelo aniversário da comunidade recebeu aprovação de 19 parlamentares durante sessão ordinária realizada na noite desta terça-feira (28).

No documento, o parlamentar lembra que a comunidade surgiu em junho de 2012 quando centenas de famílias sumareenses ocuparam uma área 1 milhão de metros quadrados localizada na região de Nova Veneza, onde 20 antes funcionava a empresa Soma Equipamentos Industriais, falida em 1990.

No início, destaca o vereador na moção, a área era dominada por milícias que praticavam, entre outros crimes, estelionato contra as famílias sob a falsa promessa de regularização. Contudo, até meados de 2014, não existia nenhuma negociação “séria” para atingir este objetivo. Somente quando o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) assumiu a organização da ocupação é que as tratativas foram iniciadas.

Willian lembra que o início das conversas não foi amistoso. “Dezenas de atos públicos e manifestações foram realizadas pelas famílias da Vila Soma com o objetivo de garantir voz perante a Poder Público. Por outro lado, a gestão que atuou em Sumaré entre janeiro de 2013 e dezembro de 2016 queria a total reintegração de posse e não previa sequer a transferência das famílias para um local seguro. Naquele momento, o diálogo estava negado”, aponta.

Ainda de acordo com o parlamentar, o ano de 2016 “começou com uma iminente ordem de despejo marcada para o mês de janeiro. O clima de tensão se espalhou não apenas pela comunidade, mas por toda a cidade de Sumaré com a chegada de centenas de agentes da Tropa de Choque da Polícia Militar vindos da capital. Um andar inteiro do Hospital Estadual de Sumaré chegou a ser reservado para atender as eventuais vítimas da reintegração. Era o prenúncio de uma desgraça que só foi barrada quatros dias antes de seu cumprimento em decisão proferida pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski”.

Com as posses do próprio Willian como vereador, em 2017, e do prefeito Luiz Dalben, é que as tratativas para regularização do bairro puderam ser retomadas. “Neste contexto, foi decisivo um encontro realizado no Instituto Lula com a participação do ex-presidente, prefeito, lideranças do MTST e da comunidade para encontrar soluções pacíficas para o conflito”.

O documento traz ainda o relato do que aconteceu nos anos seguintes: foram realizados cadastro social das famílias, topografia da área, estudo e análise sobre o solo, contrato de compra e venda e pagamentos mensais feitos pelas famílias que garantiram a compra da área. “Hoje a ocupação é um bairro formal com o Certificado de Regularização Fundiária (CRF) emitido e já conta com energia elétrica regular fornecida pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), além de outras obras de infraestrutura em andamento. As próximas etapas estão concentradas nas negociações para início das obras de saneamento básico e demais serviços públicos.

 

Willian fez questão de ressaltar ainda a importância do coordenador Edson Gordiano da Silva, o Edinho, em todo o processo de luta e o posterior trabalho de regularização do novo bairro. “Morador da comunidade desde seu início, tem se provado um incansável lutador pelas causas das famílias da Vila Soma e se tornou, ao longo dos anos, peça fundamental para concluir essa etapa histórica no vibrante do movimento de moradia de Sumaré”.

 

Presente ao plenário da Câmara, Gordiano tomou a palavra e agradeceu pela homenagem. “Agradeço ao vereador Willian por nos conceder a honra de entrar nesta Casa de Leis e agradeço também aos demais vereadores. Hoje nós sabemos que as portas da Câmara estão abertas não apenas para as famílias da Vila Soma, como também para os moradores das demais regiões da cidade. Agradeço as famílias da Vila Soma por permitir que eu as represente nas lutas e ao prefeito Luiz Dalben por manter sempre o diálogo aberto com a comunidade”, disse o coordenador.