Novo google? Pode ser o Chat GPT
Nos últimos dias, uma nova ferramenta de processamento de linguagem humana é o foco das conversas sobre tecnologia, impulsionada pela inteligência artificial (IA): o Chat GPT. Se hoje você faz pesquisas e encontra sites usando o Google, pode ser que, em breve, o Chat GPT seja a sua primeira opção. Mas, afinal de contas, o que é, como funciona e como usar o Chat GPT?
Basicamente, o modelo de linguagem pode responder a perguntas e ajudá-lo com tarefas como redação de e-mails, ensaios e códigos de programação. Atualmente, o uso é gratuito e aberto ao público, porque o ChatGPT está em fase de pesquisa e coleta de feedback. Carlos Menezes, mestre e professor de Inteligência Artificial nos cursos de tecnologia do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), lembra que o Chat GPT é uma aplicação construída pela OpenAI, de Elon Musk, com base em um modelo gerativo de linguagem.
“Trata-se de uma arquitetura de rede neural profunda, criada inicialmente pelo Google, chamada Transformers. A OpenAI desenvolveu esse modelo, treinando-o com todo o conteúdo disponível da internet, de livros digitalizados, de Twitter, ou seja, tudo que é dado escrito que esteja disponível. Quando queremos fazer uma busca no Google, começamos a digitar algo e aparecem várias possibilidades para completar a frase. Isso é feito tendo por base as frases já digitadas. Agora, de uma maneira um pouco mais complexa, com todo o conteúdo escrito disponível, pode-se completar frases, responder a perguntas de acordo com um estilo”, explica o professor Menezes.
Hoje o que está disponível na internet é a base de dados do algoritmo. Baseado em padrões e no cruzamento das informações, o Chat GPT transforma as queries, os questionamentos dos usuários, em respostas. O grande diferencial é que essas respostas podem ser criativas. Por exemplo, ao perguntar sobre um determinado assunto, diferentemente do que ocorre em um mecanismo de busca, que apenas retorna os resultados, o Chat GPT é capaz de contextualizá-los e elaborar textos, letras de música, poesias, contos, códigos de programação, receitas e assim por diante.
“Acredito, portanto, que essa e outras ferramentas similares que vão surgir representarão uma pequena revolução na maneira de fazer as coisas, da mesma forma que ocorria quando surgiram os buscadores como o Google. Hoje, talvez, nos perguntemos: ‘Como fazíamos pesquisas sem ferramentas de busca?’ Amanhã, poderemos perguntar algo assim: ‘Como trabalhávamos sem essas novas ferramentas de IA?’ A tendência é de que elas aumentem muito a produtividade de muitos trabalhadores, desde programadores até escritores”, conclui Menezes.
Para Marcell Almeida, CEO da escola de produtos digitais PM3, uma das principais discussões que se têm levantado é a potência da Microsoft em disputar com a Meta, que apostou em uma grande transformação por meio do metaverso, que não se consolidou até agora. O executivo aponta que as estratégias de negócio a colocam como uma grande cotada para ganhar o mercado de metaverso, uma vez que a Microsoft possui grande capilaridade de B2B para fazer uma adoção dessa ferramenta de forma mais eficiente, enquanto a Meta possui maior capilaridade B2C.
“Tomamos como exemplo o processo de adoção dos computadores, ainda em sua versão desktop. Tudo começou com uma necessidade profissional, ter computadores no escritório. A partir disso, começamos a olhar aquela ferramenta como uma oportunidade de entretenimento, ou seja, para jogos, salas de bate-papo, dentre outros usos da época. Nesse sentido, se a Meta continuar investindo em RA (Realidade Aumentada) ou RV (Realidade Virtual) mas para criar um metaverso para as empresas, talvez os óculos de realidade virtual, que serão utilizados para o trabalho, possam, eventualmente, se tornar um óculos de uso pessoal, para divertimento e entretenimento. Aí sim esse mercado vai começar a se desenvolver, ou seja, começando no B2B antes de chegar ao B2C”, aponta o especialista.
Já para Guilherme Silveira, diretor de educação da Alura, o metaverso como revolução mundial ainda é uma aposta. Por exemplo, a população brasileira em linhas gerais não possui acesso a computador, mas sim a dispositivos móveis e deverá esperar uma geração muito mais barata de dispositivos bons de VR e VA, ou da evolução de tais tecnologias nos dispositivos móveis. Enquanto isso para a Microsoft, a aposta é em uma geração de inteligências artificiais que deixam de ser usadas como analisadoras de dados, e passam a ser criadoras de conteúdo – as inteligências artificiais gerativas. Elas geram imagens, áudios, vídeos e textos. Todos esses são produtos que empresas e pessoas precisam gerar no dia a dia. A utilização é imediata, e com interfaces como a do ChatGPT a adoção é trivializada. .
“Microsoft não deve diminuir seus investimentos em Inteligência Artificial. Provavelmente, invistam até mais, considerando que é possível observar rápidos retornos em diversas tarefas automatizáveis – a empresa já começou a integrar a tecnologia da OpenAI ao Microsoft Teams. Agora, no caso da Meta e sua aposta no metaverso, vai depender muito dos próximos meses, se eles demonstrarem alguma ação de adoção do Metaverso ao mercado como estão tentando, fora do ambiente de entretenimento onde consoles de videogame se destacam. ”, avalia.
Enquanto para Adriano Almeida, COO da Alura e líder da unidade de negócios Alura Para Empresas, diante de um contexto em que novos produtos chegam ao público com maior frequência e com maior potencial de impacto nos players de mercado, as empresas precisam começar a se movimentar para aderir a inteligências artificiais como o ChatGPT.
“Desde o momento em que o atual CEO da Microsoft assumiu o cargo a empresa subiu muito de patamar, deixando de ser uma empresa dependente do Windows e do Office, e mirado a diversificação de portfólio – seja por meio de desenvolvimento interno como o próprio Xbox, ou seja por meio de aquisições. Portanto, ao olharmos para o caso Microsoft, vemos uma empresa muito bem diversificada, dominante no seu setor de base e que tem toda uma gama de suportes para sustentá-la durante as flutuações do mercado. Mas esse não é o caso da Meta, com o Facebook crescendo de maneira muito mais esparsa, com o Instagram tendo que disputar anunciantes com vários outros players do mercado – como o Tiktok, o Kwai e o próprio Youtube -, e o Whatsapp que sempre foi uma plataforma complicada de monetizar. E todo esse processo leva à uma reflexão interna por parte das empresas para seus negócios de base e sobre como crescer de forma a se resguardar do mercado”, pontua.
Para compreender melhor o impacto da inteligência artificial em diferentes esferas do mercado, gostaria de colocar à sua disposição os especialistas destacados na pauta em caso de dúvidas ou eventuais oportunidades de entrevista.