Threads flopou ou vai bombar?
A nova rede social Threads, da Meta, chegou para concorrer com o Twitter, mas já começou marcada por uma polêmica, no mínimo, estranha: Quem optar por entrar no Thread está “aceitando” a conexão direta com o Instagram. Na prática, não haveria problema algum, mas, para espanto geral dos usuários, as pessoas que quiserem sair da nova rede, também perderão a conta de Instagram.
Apelidada pela mídia dos Estados Unidos como Twitter Killer, diversas empresas aderiram ao Threads para marcarem presença sem se dar conta de que a nova rede Mark Zuckerberg as prendeu:
“O Threads é muito parecido ao Twitter, realmente, e é saudável que outra rede apareça para concorrer. Os usuários, pessoas físicas ou páginas de empresas, conseguem estabelecer conversas públicas e privadas além de salvar e compartilhar mensagens. O que chamou a atenção é esta conexão simbiótica com o Instagram” explica Ediney Giordani, CdO da KAKOI Comunicação.
O lado positivo do Threads
A rede já começa com o legado do Insta mantendo o nome de usuário e acesso aos perfis que já estavam sendo seguidos, ou seja, já tem a localização desses usuários para um círculo de conversas.
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“Na home já temos uma mistura interessante de conteúdo postado pelas contas e perfis que o usuário já segue, além de sugestões geradas pelo algoritmo. O formato é muito parecido ao do Instagram e tudo indica que, em breve, as redes estarão unidas em uma mesma aba”.
O lado polêmico do Threads
O ponto polêmico está na exclusão do perfil. Se uma empresa decidir deletar seu Threads, automaticamente perderá seu Instagram e todo seu legado. Para Ediney, essa surpresa só acontece, pois as pessoas nunca leem os termos de uso:
“Dizem que o manual de instrução é o livro menos lido, e no caso de redes sociais essa premissa se torna verdade. É preciso estar atento. A rede é nova e, por enquanto, ter uma página lá, que não pode ser deletada, não parece ser grande problema, mas o futuro, assim como o futebol, é uma caixinha de surpresas” completa Giordani.
A rede já bate todos os recordes de crescimento, claro, pelo vínculo com o Instagram. Atualmente já são mais de 300 milhões de usuários e crescendo. Se a rede de fato fará diferença ou irá derrubar o Twitter, o tempo dirá, mas é fato que, enquanto for novidade, é uma boa ideia as marcas literalmente se prenderem a ela.
As mídias sociais e os pseudodiagnósticos
Tem chegado para atendimento, uma certa demanda que tem me gerado curiosidade. São pessoas que procuram atendimento neuropsicológico depois de consumir conteúdo das redes sociais, feitos por não especialistas no assunto. Geralmente os produtores desses conteúdos se descrevem com tais diagnósticos e os explicam com base em seu próprio cotidiano.
Você já se distraiu durante uma explicação? Já perdeu ou esqueceu coisas? Já disse que não ia usar o cartão de crédito naquele mês e de repente sua loja favorita entrou em promoção e não deu para segurar? Já se sentiu ansioso por algo que ia acontecer? Já fez lista de pendências mentalmente enquanto conversava com alguém e sorriu sem entender nada do que foi dito? Imagino que todos nós já passamos por isso e nem por isso é possível que todos tenhamos o diagnóstico de TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade ou mesmo ansiedade.
Diagnóstico é coisa séria e não é feito com base em experiências pessoais. Diagnóstico precisa cumprir critérios, que entre tantas coisas, precisa trazer prejuízos reais devido sua frequência e intensidade. Obter um diagnóstico dá sentido às queixas, tem o poder de direcionar tratamento e trazer qualidade de vida, clareia caminhos e organiza funcionamento. Diagnóstico une equipes profissionais em sentido único com intervenções globais. Definitivamente, não é aleatório.
Uma das coisas mais gratificantes da minha atuação é a troca interdisciplinar que acontece para fechar um diagnóstico. Direcionar um tratamento que potencializa resultados é um presente! Ver uma evolução então, é daquelas coisas inexplicáveis.
Diagnóstico mal feito a partir de evidências erradas, pode inclusive neutralizar uma força importante no tratamento: a autorresponsabilidade. “Ter” algo não é uma sentença, porque apesar de ter é possível evoluir. O esforço é quase nulo quando o “ter” vira o protagonista da história.
A internet aceita qualquer coisa de qualquer pessoa. Em milésimos de segundos temos acesso a muita informação sobre tudo, mas filtrá-las exige esforço cognitivo e isso já leva tempo e sabemos o que acontece. É preciso ao menos ter um cuidado inicial com o conteúdo que consumimos, principalmente sobre quem o produz. Posso ser simplista na ideia, mas enquanto conteúdos superficiais surgem aos montes nas redes, os especialistas estão atendendo incansavelmente as pessoas que acreditam ter algo e como o dia tem apenas 24h, não sobra tempo para combater tantas informações erradas.
Fique atento.
(*) Roberta Alonso – Psicóloga e neuropsicóloga infantojuvenil. Autora do livro infantil “Pó de Sim” (Asinha) e coautora das obras “Manual da Infância”, “Disciplina e Afeto” e “Orientação Familiar – vol. 2” (Literare Books International). Instagram: @ecoandopsicologia
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