Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta sexta-feira (6) aponta que 61% dos empresários industriais consultados consideram importante ou muito importante adotar a tecnologia 5G. Apesar da avaliação positiva, os dados mostram que 54% das empresas ouvidas sequer discutem a instalação da rede. A falta de infraestrutura adequada na região e o alto custo para implementar a tecnologia lideram a lista de barreiras à adoção, e a falta de conhecimento do empresariado sobre o assunto se destaca.
Das empresas consultadas que acham a adoção da tecnologia relevante, 35% responderam que discutem o tema, mas não têm plano formal de implementação; outros 14% já têm um planejamento para aderir, e apenas 8% já instalaram a rede. Já entre todas as empresas ouvidas, apenas 6% têm o 5G instalado na empresa. A pesquisa ouviu 1.002 profissionais que lideram a área de tecnologia de empresas industriais de pequeno, médio e grande portes.
>> Confira sonora sobre a pesquisa com a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.
“A incorporação da tecnologia 5G tem um papel importante no desempenho industrial brasileiro, em especial no contexto de digitalização da produção, que chamamos de Indústria 4.0. Mais agilidade e eficiência nos sistemas de comunicação são traduzidas em ganhos de produtividade e em mais competitividade para a nossa economia. A expansão da infraestrutura digital é um alicerce para alavancar o desenvolvimento tecnológico do Brasil e a retomada da indústria”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Tecnologia pode ser adotada por meio de três tipos de rede
A tecnologia 5G promove maior velocidade, capacidade de conexão massiva de dispositivos e menor latência de internet, adicionando novas e importantes capacidades produtivas no contexto de transformação digital das empresas, como o uso de veículos autônomos e a ampliação da Internet das Coisas.
A adoção pelas empresas pode ser feita por meio de três tipos de rede: privativa, quando a rede é independente e administrada pela própria empresa; híbrida, quando o controle é feito por uma operadora pública e alguns recursos são oferecidos à empresa; e pública, quando a rede é fornecida pelas operadoras públicas e compartilhada com outros usuários.
Quase metade dos empresários ouvidos não conhece o 5G
A falta de conhecimento sobre as capacidades da tecnologia 5G é apontada por quase metade dos empresários – 47% têm pouco ou nenhum conhecimento. Para a CNI, esse resultado é uma das razões para a baixa implementação da tecnologia nas organizações. Entre as empresas que não têm conhecimento algum, a pesquisa mostra que 79% não discutem o tema na empresa, e esse percentual cai para 43% entre as empresas que disseram ter conhecimento.
O baixo conhecimento em relação à tecnologia provavelmente também explica a indicação – por 54% dos empresários – da área de vendas como a maior beneficiária pela rede 5G. Segundo a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha, uma das ações para o avanço do 5G nos processos produtivos deve ser disseminar o conhecimento sobre a importância das novas capacidades da tecnologia e de sua relação com a digitalização, além da relevância da expansão da rede pública do 5G para uso nas empresas.
“Há uma expectativa em relação ao 5G na indústria porque ele é o passaporte para a aceleração e o avanço da digitalização brasileira. A rede contribui diretamente para a automação e a integração de diferentes tecnologias que incluem inteligência artificial, robótica e internet das coisas. No Brasil, a expansão da rede pública, novos modelos de negócios das operadoras e o aumento do conhecimento empresarial a respeito da nova tecnologia serão fundamentais para adoção da nova rede”, afirma a especialista da CNI.
Falta de infraestrutura na região e alto custo de instalação são barreiras
Quando questionados sobre os obstáculos à adoção da tecnologia 5G, 64% dos empresários apontaram a falta de infraestrutura adequada na região das empresas como principal barreira externa. O alto custo de soluções e equipamentos para as redes privativas, a falta de suporte das operadoras de telecomunicações nos serviços prestados e o alto custo das operadoras para o fornecimento e manutenção do serviço empatam em segundo lugar. E nas barreiras internas, o alto custo para implementar a tecnologia é apontado como a principal dificuldade.
“Os resultados ressaltam a importância da expansão da rede 5G geograficamente. Se a rede ainda não chegou em determinada região, a empresa tem como alternativa a instalação de rede privativa, mas o custo pode ser elevado porque requer investimento em hardware e conhecimento para administrar”, explica Samantha Cunha.
Os empresários ouvidos durante a pesquisa não pretendem fazer investimentos em redes privativas imediatamente: 20% pretendem investir em um período de 12 a 18 meses e 41% daqui a 18 meses ou mais. Do grupo que já tem um plano de investimento, 48% das empresas levarão mais de um ano para investir, e 40% daqueles que consideram a adoção muito importante ou importante devem investir na rede privativa em um prazo de mais de 18 meses.
Empresas querem menos cabos de conexão, diminuição da latência e maior capacidade de conexão
De acordo com a pesquisa, os maiores benefícios esperados pelos executivos em relação às redes de conexão usadas atualmente são o abandono do cabeamento, graças a uma rede sem fio com capacidades semelhantes ou superiores, a diminuição de latência e – empatados – a capacidade de conectar mais dispositivos e o aumento da confiabilidade da conexão. Já os principais motivos que levaram ou poderiam levar os empresários a adotarem uma rede 5G são a capacidade de conexão sem fio em alta velocidade, a capacidade de monitoramento do controle de qualidade em todo o processo produtivo e a redução dos custos gerais.
Metodologia
A pesquisa encomendada pela CNI foi realizada pelo Instituto Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI), antigo Instituto FSB Pesquisa. Entre 8 e 20 de março de 2023, foram entrevistados por telefone 1.002 executivos que lideram a área de tecnologia das empresas industriais de pequeno, médio e grande portes. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais.