O forte crescimento da indústria de aluguel de carros em 2023

demonstra uma mudança de comportamento do consumidor brasileiro. De acordo com os dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), a frota de automóveis e comerciais leves voltada para a locação deve atingir 1,56 milhão até o final do ano, recorde histórico no país.

O levantamento também demonstra que esta indústria ampliou sua participação nas compras totais. Apenas no terceiro trimestre, a participação do segmento chegou a 27,85%. Historicamente, o percentual gira em torno de 20%. O crescimento no terceiro trimestre foi de 11,6% no comparativo com o mesmo período de 2022. As locadoras terminaram setembro com 1,5 milhão de automóveis e comerciais leves na frota, contra 1,3 milhão registrados em setembro de 2022. A projeção de compras para novembro e dezembro é de mais 100 mil carros novos.

Alguns fatores explicam este movimento inédito no País. Do lado das locadoras, há a busca por renovar a frota para atender as exigências dos clientes e reduzir os custos de manutenção. Além disso, o programa de descontos do Governo para veículos de até R$ 120 mil, aberto às empresas no dia 21 de junho, impulsionou as aquisições, apesar de ser classificado como insuficiente.

Mas por detrás de toda esta movimentação está a demanda. Chama a atenção a mudança de perspectiva do consumidor brasileiro, com o ingresso das novas gerações no mercado de trabalho. “A relação dos brasileiros com o bem mudou. Há um certo desapego. As gerações Y e Z que agora fazem parte da parcela economicamente ativa da população, nasceram na era do compartilhamento, esses jovens pensam, agem e consomem de forma muito diferente das gerações anteriores”, destaca J. R. Caporal, CEO da Carflip.

O estudo Global Automotive Consumer Study 2018, da consultoria Deloitte, já demonstrava esta tendência. Segundo os dados, 62% dos jovens das gerações Y e Z declararam ser dispensável a compra de um veículo no futuro.

Jonas Carvalho, educador financeiro e sócio-fundador da Hike Capital, acredita que entre os fatores mais atrativos a esses consumidores estão o menor compromisso com o bem e a possibilidade de diminuir custos com manutenções. “Ao alugar, você não está preso a um veículo por um longo período e tem a possibilidade de acesso a carros mais novos com tecnologia mais recente. Além disso, muitos contratos incluem serviços de manutenção, o que pode economizar dinheiro em reparos e revisões. Já a preocupação com a desvalorização, que em cenário conservador pode chegar a 6% ao ano, não existe, pois não é o proprietário”, pontua.

J.R. Caporal vê essa mudança sobre o conceito de posse como um dos alavancadores para o crescimento das locadoras, ao lembrar que a própria Carflip traz esta visão no seu DNA. “Ao invés de investirmos em frota, realizamos parcerias com concessionárias. Nosso cliente entra no site, escolhe o modelo que deseja de uma das nossas parceiras e só então é que adquirimos o veículo para a realização do contrato de locação”, explica. Hoje a Carflip conta com uma rede de cerca de 100 parceiros entre concessionárias e lojas multimarcas.

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Compra flexível

Para o CEO da empresa, o setor automobilístico passa por uma mudança estrutural que ainda deve se aprofundar nos próximos anos. Desta forma, as empresas devem ser flexíveis para atender às preferências de todos os tipos de consumidor. “Existe uma grande parcela da população que deseja adquirir seu veículo, mas que está fora do mercado consumidor por conta de restrições de crédito ou pela alta taxa de juros dos financiamentos. Este segmento precisa ser atendido”, afirma Caporal.

A locadora também oferece uma opção de compra de veículo programada, pois o acordo inclui a possibilidade de aquisição após seis meses de uso com desconto do programa de cashback, um montante cumulativo no tempo equivalente a 25% de todos os valores pagos pelo cliente referentes ao uso do veículo, ou seja, taxa de contrato e assinaturas.

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