A reta final das férias escolares é uma excelente oportunidade para priorizar a saúde ocular das crianças, identificando possíveis problemas que podem afetar seu processo de aprendizagem. De acordo com a Dra. Márcia Ferrari, oftalmopediatra do H.Olhos – Hospital de Olhos, referência em oftalmologia em São Paulo, as doenças oculares mais comuns na infância incluem conjuntivites (virais, bacterianas e alérgicas), ametropias (miopia, astigmatismo e hipermetropia), ambliopias (olho preguiçoso) e estrabismos.
“A identificação precoce de problemas visuais pode prevenir a cegueira ou minimizar os danos à visão da criança, uma vez que a visão está em desenvolvimento até os 8 anos. Portanto, algumas situações podem ser revertidas se diagnosticadas e tratadas até essa idade“, explica a médica.
Antes do início do ano letivo, é crucial agendar um check-up oftalmológico, pois problemas oftalmológicos podem impactar na leitura, na interação com professores e colegas, além do bem-estar geral. Dependendo da condição, podem ocorrer dores de cabeça ou outros sintomas que podem afetar o desempenho escolar e a rotina da criança.
Dra. Márcia também alerta que nem toda alteração nos exames indica a necessidade de óculos, pois é comum que a criança apresente algum grau de hipermetropia e astigmatismo, que fazem parte do crescimento natural dos olhos. “É a quantidade de grau e a associação com determinadas queixas, como cefaleia e dificuldade de aprendizado, ou alterações no exame, como baixa visão, ambliopia e estrabismos, que vão determinar a necessidade ou não de prescrição de óculos“, ressalta a oftalmopediatra.
A miopia, por exemplo, começa a ser monitorada nos primeiros exames oftalmológicos realizados quando a criança atinge 1 ano de idade, sendo que em bebês e crianças pequenas, sua presença pode indicar a existência de doenças ocultas ou síndromes. “Geralmente, a miopia costuma surgir a partir dos 3 anos, e a monitorização e prescrição de correções ópticas são feitas de acordo com a quantidade de grau detectada e a idade da criança“, explica a Dra. Márcia.
Atualmente, a correção da miopia em crianças pode ser realizada com lentes corretivas ou lentes de contato. O controle ou redução da taxa de progressão pode ser feito por meio do controle ambiental associado a métodos farmacológicos (colírio todas as noites durante anos) e/ou lentes de controle de miopia (óculos e lentes de contato), que são projetadas especificamente para reduzir o crescimento ocular, trabalhando a incidência dos raios luminosos dentro do olho.
Dra. Márcia destaca que nem sempre as crianças apresentam sinais perceptíveis pelos pais e que, justamente por isso, a consulta ao oftalmopediatra e o exame de rotina continuam sendo fundamentais para o diagnóstico precoce.
“Estar atento a sintomas como dor de cabeça, irritações oculares frequentes, comportamento antissocial, aproximação para ver objetos, dificuldade de aprendizado, quedas frequentes ou percepção de desvios oculares pode ser um alerta de baixa visão e possível presença de miopia”, conclui a médica.