As campanhas intensas para diminuir o uso dos cigarros convencionais foram bem-sucedidas e geraram uma queda significativa no número de usuários.
No entanto, nos últimos anos, o cigarro eletrônico parece ter “driblado” essa conscientização da população, especialmente entre os jovens. Porém seu uso é tão nocivo quanto o do cigarro convencional e pode ser ainda mais grave no caso das pessoas com doenças respiratórias, como asma. “Os líquidos encontrados nos compartimentos desses aparelhos podem provocar irritação e processos inflamatórios, tanto nas vias aéreas superiores como inferiores, que por sua vez podem levar a crises de fechamento dos brônquios, causando sibilância (chiado no peito), característica principal da asma brônquica”, explica o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Cícero Matsuyama.
O médico destaca que toda substância inalada e em contato com as vias respiratórias pode provocar crises asmáticas. “Ainda mais quando esses dispositivos não são controlados por nenhum órgão regulador, já que são proibidos para venda e comercialização”, ressalta. Isso significa que um cigarro eletrônico pode conter inúmeras substâncias nocivas, como metais pesados, nitrosaminas, formaldeído, compostos orgânicos voláteis, e até mesmo pesticidas, cafeína e produtos químicos de uso industrial. Uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA) mostrou que os famosos vapes podem ter mais de 2 mil substâncias, sendo que grande parte delas é desconhecida.
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Embora ainda não existam pesquisas científicas suficientes comparando o cigarro convencional ao eletrônico, os médicos são unânimes em apontar que ambos são nocivos para a saúde. “Quando foi criado há alguns anos a ideia é que o cigarro eletrônico fosse substituto do convencional, porém o que se observou é que esse dispositivo é igualmente nocivo”, explica o especialista. “Fica claro que o cigarro eletrônico é ruim para o organismo humano e, assim como o tabaco, deve ser banido para que as pessoas tenham uma vida mais saudável e fiquem longe de substâncias causadoras de processos inflamatórios pulmonares e tumores do trato respiratório”.
Cigarro eletrônico é alvo das ações do “maio sem fumaça”
Grupo SOnHe leva pulmão gigante a escolas municipais de Campinas para alertar crianças e adolescentes sobre os perigos do VAPE; consumo do dispositivo cresceu 600% em seis anos
Campinas/SP: O dia que marca o combate ao tabaco é celebrado apenas no último dia de maio, mas as ações de conscientização estão presentes ao longo de todo o mês e têm a missão de reforçar o compromisso de alertar a população para o uso excessivo do cigarro em todas as suas versões. “Maio sem fumaça” é o mote da campanha do Grupo SOnHe em 2024, que busca atingir um público fundamental: as crianças e os adolescentes de Campinas. Dessa forma, o pulmão gigante e inflável, presente em inúmeras ações do Grupo SOnHe, circulará por seis escolas municipais de Campinas, a partir do dia 14/05, numa parceria com a Secretaria de Educação do município, além do Aeroporto Internacional de Viracopos e do Terminal Rodoviário de Campinas, que abriu a campanha na última sexta-feira, 10/05, buscando também conscientizar o público em geral.
Sensibilizar as crianças e os adolescentes é fundamental para que a campanha atinja um público que já vem fazendo uso do cigarro eletrônico de forma indiscriminada. Embora a comercialização do VAPE tenha sido proibida no Brasil, o consumo entre os adolescentes de 13 e 15 anos, segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, é maior do que entre os adultos. Para Vinícius Conceição, oncologista clínico e sócio do Grupo SOnHe, a ideia é justamente formar um exército contra a fumaça. “Esses jovens precisam saber dos perigos da fumaça que vem do cigarro, seja ele de qualquer tipo. Como elas são disseminadoras de informação, terão o papel de orientar os pais e, consequentemente, vão conhecer desde cedo os perigos do cigarro”, reforça o médico.
No Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019, 12,8% das pessoas se apresentavam como fumantes. Embora o número de tabagistas tenha caído mais de 35% desde 2010, o uso do cigarro eletrônico cresceu 600% nos últimos seis anos, especialmente entre os jovens. O cigarro ainda é a maior causa evitável de mortes, sendo responsável por mais de 8 milhões anualmente em todo o mundo. O câncer de pulmão é a principal causa de morte em função do cigarro e é o segundo mais incidente no mundo, sendo responsável, segundo a OMS, 2,2 milhões de novos casos por ano, o que representa 11,4% dos casos de câncer registrados mundialmente. No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de que entre 2023-2025 devam ser diagnosticados 15 mil novos casos por ano de câncer de pulmão. Débora Curi, oncologista clínica do Grupo SOnHe, alerta para o fato de o tabagismo ser responsável por 443 mortes por dia no Brasil. “Quanto mais nós conseguimos sensibilizar as pessoas, melhor. Conscientizar as crianças é fundamental para que a gente tenha uma redução no número de novos fumantes. É agir no presente pensando no futuro”, pontua a oncologista.
O pulmão gigante e inflável do Grupo SOnHe circulará por Campinas e região ao longo de todo o mês, levando conscientização de forma gratuita para as pessoas por meio da vivência na observação do pulmão e das orientações recebidas por meio de materiais explicativos e de conversa com integrantes da equipe.