Planeta ouvir- Há prognósticos evidentes até para os “leigos”.
Ainda na infância, os sintomas se expressam por um papel de bala largado à rua. Na adolescência, uma latinha de energético ou outra bebiba qualquer jogada em passeio público; aliás, existem casos em que a fase inicial se dá nesta faixa etária.
Temos pois as manifestações no público adulto, o grupo dos “sábios” – em teoria a luz das gerações futuras. Segue “receita” temerária, por exemplo, na praia: garrafinhas de cerveja em toneladas, plásticos de todos os tipos, cacos de vidro, entulhos, muito lixo, tornando areia e mar um campo propício.
Em estágio já avançado, estão os pacientes do grupo “predatórios terminais”. São contagiosos com suas práticas de desmatamento ou de defesa dos interesses da indústria automobilística de perpertuar a poluição atmosférica resultante da combustão fóssil por veículos terrestres etambém/ou de atividades predatórias no campo e nas cidades.
Daí em diante a tendência é sempre de agravamento. Portanto, piores as consequências para a saúde do coletivo, do planeta.
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Ocorre que uma hora a conta vem. Ou melhor: já veio, como por óbvio nos mostra o dia a dia. Formada há 4,56 bilhões da anos, a Terra já não é mais a mesma. Está doente, bem doente, o que é uma notícia preocupante para cada um dos seres que por ele fluímos tal como células.
Eventos climáticos extremos se banalizam por todos os continentes. Na Europa, na Ásia…nas Américas. No Brasil, só recentemente, temos Recife (PE), Petrópolis (RJ), Santa Catarina, São Sebastião (SP). Agora, tristemente, a tragédia do Rio Grande do Sul.
Assustador. Estamos então perdidos? É daí pra pior? Não!, resistência é meu nome. Dá pra virar o jogo, creio sempre. Talvez pareça brega (outro “chavão”), mas, onde há vida há esperança.
Quando optei pela Medicina sonhava em cuidar da saúde das pessoas de forma geral, olhando para o espaço em que habitam, a influência, o meio ambiente, a psicologia, os hábitos. Já faz décadas que me dedico ao ofício de clinicar e permaneço convicta de que este é o caminho realmente; precisamos ouvir nossos pacientes, precisamos ouvir nossas comunidades, precisamos ouvir o planeta.
Zeliete Zambon, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
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