Apenas 30% de PCD’s estão ativos no mercado de trabalho
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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, revelam que apenas 29,2% dos deficientes estavam inseridos na força de trabalho e somente 25,6% concluiu o Ensino Médio. “Esse quadro está ligado aos estereótipos enraizados na sociedade, que tratam o indivíduo com deficiência (PCD’s) e neurodivergentes, que possuem desenvolvimento cognitivo diferente do convencional, de forma capacitista, eles sempre são considerados como incapazes de ter uma vida ativa e produtiva”, analisa a terapeuta ocupacional Syomara Cristina.
A Lei Brasileira de Pessoas com Deficiência (Lei 13.146/2015), regulamenta os direitos de PCD’s em áreas como saúde, educação e trabalho. Uma das formas inclusivas são de empresas com mais de 100 funcionários, por exemplo, ter a obrigação de 2% a 5% de profissionais PCD’s desde a regulamentação da Lei de Cotas em 1991, entretanto, como não havia fiscalização, a norma acabou entrando em vigor apenas anos depois. Atualmente, a multa pela violação da lei é de R$ 3.215,07, podendo chegar a R$ 321.505,87.
“As pessoas com deficiência têm alguns direitos determinados pela Constituição. Mas, para realmente ocorrer a inclusão de PCD’s, é necessário que as empresas não contratem essas pessoas apenas porque é determinado pela Lei, mas que garantam as mesmas oportunidades que outro trabalhador tem. Além de prezar pelo respeito entre os funcionários, entendo que a pessoa com deficiência tem algumas necessidades especiais, que merecem atenção”, afirma Syomara.
Para que essa inclusão ocorra de forma tranquila, o PCD precisa ter o mesmo acesso aos locais, instrumentos de trabalho e comunicação que outro trabalhador. Syomara explica que o conceito de acessibilidade foi ampliado com o tempo e hoje em dia existem seis formas de garantir bem-estar para as pessoas com deficiência. “A acessibilidade não é mais só rampas, elevadores ou banheiros adaptados e são separadas em arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal. Ou seja, informações em braile, interpretes da Língua Brasileira de Sinais, adaptação de computadores e objetos de uso comum também fazem parte da acessibilidade, por exemplo. Sem contar que os planos de carreira e acesso a oportunidades deve ser igual ao de indivíduos que não possuem deficiência”.
Um restaurante na Argentina é um ótimo exemplo de inclusão. Fundado pelo médico e ex-professor da Universidade John Hopkins, Fernando Polack, o restaurante Alamessa é um estabelecimento formado por uma equipe de pessoas neurodiversas, em sua maioria autistas. “Essa abordagem ressalta a importância da inclusão e celebra a diversidade em ambientes de trabalho. É uma experiência gastronômica única, mas também inspira outras empresas a adotarem práticas inclusivas. Promover a igualdade de oportunidades é essencial para construir uma sociedade mais justa e acolhedora”, ressalta a terapeuta.
Durante seu trabalho como Terapeuta Ocupacional, Syomara afirma que contribui para uma maior autonomia de seus pacientes. “Eu atendo tanto pessoas com deficiência e neurodiversas, quanto quem sofreu acidente e contribuo para que essas pessoas possam ter autonomia nos processos diários de nossa vida, como escovar os dentes, vestir-se e se alimentar. Quando necessário buscamos o uso de algum material que facilite a vida ou trabalho de meu paciente. Ou seja, trabalho em prol da inclusão, para que as pessoas possam ter uma vida autônoma como qualquer outra pessoa”.
* Syomara Cristina Szmidziuk – atua há 34 anos como terapeuta ocupacional e tem experiência no tratamento em reabilitação dos membros superiores em pacientes com lesões neuromotoras. Faz atendimentos com terapia infantil e juvenil, adultos e terceira idade. Desenvolve trabalhos com os métodos Bobath, Baby Course Reabilitação Neurocognitiva Perfetti, Reabilitação de Membro Superior-Terapia da Mão, Terapia Contenção Induzida (TCI) e Imagética Motora entre outros.
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