Comparando os planos de Chico e Maria para Educação de Americana, por Bruno Santos

Política crítica,

Comparando os planos de Chico e Maria para Educação de Americana, por Bruno Santos

30 de agosto de 2024
Duzentos e sessenta e dois milhões quinze mil e trinta e seis reais, essa é a despesa aprovada pelos vereadores para que o prefeito de Americana mantenha a rede municipal de educação de Americana em 2024. Um dos setores mais expressivos no orçamento e cujos investimentos podem ser decisivos para o futuro da cidade; certamente, analisar o que Chico Sardelli (PL) e Maria Giovana (PDT) propõem para a Educação é uma tarefa que o eleitor não pode deixar de fazer.
Algumas abordagens convergem e já nos revelam o espírito da política educacional até 2028, independente de quem será eleito. O secretário de Educação escolhido por Sardelli ou Giovana dedicará seu tempo a implementar escolas de tempo integral, promover educação financeira no currículo, expandir vagas e unidades em territórios onde houve crescimento populacional, e desenvolver ações no sentido de promover espaços educacionais mais inclusivos, acessíveis e pacíficos. São os pontos comuns e temas contemporâneos que mostram os candidatos em sintonia com o debate local sobre as demandas do setor.  Também revelam outra proximidade positiva, afastaram de seus planos algumas temáticas mais teatrais e ideológicas que o embate eleitoral nacional vem acendendo na sociedade.

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         O LADO POSITIVO DE CADA UM.  A chapa ‘Americana Merece Mais’, do PDT, conseguiu explorar todas as possibilidades de políticas públicas, com destaque para ações de formação e valorização do servidor e para a criação de mecanismos de avaliação de desempenho de estudantes e gratificação por desempenho. Algumas inovações pertinentes a um ambiente mais século XXI, como EMEI bilíngue, Fóruns de compartilhamento de práticas pedagógicas e Escola de Líderes, também estão presentes.  Do outro lado, a coligação “Experiência que deu certo”, do PL, aborda um aspecto que, embora burocrático, é fundamental enquanto política permanente: a atualização dos documentos municipais. O plano decenal praticamente se encerrou e esteve sob críticas públicas nos últimos anos, pois foi construído em um ambiente econômico que estimulou metas irreais; essa correção de rumo é muito positiva.
         PORÉM, os candidatos também pecam, embora seja compreensível que esses documentos ainda podem passar por atualização no site da Justiça Eleitoral. Maria Giovana tem muitas metas, muitas. Não que a Educação não mereça estar no centro de atenção, mas o plano deixa de lado o fator do custo: expandir matrículas de tempo integral para toda a rede, que vai da creche ao nono ano do ensino fundamental, implica em pressionar um orçamento comprometido até o pescoço com pagamento de dívidas públicas do passado e que ainda é pressionado pelos custos cada vez maiores do sistema de saúde. A candidata precisará apontar quanto custa e como financiará isso, porque essa é apenas uma entre muitas de metas que custarão caro.
Já Chico Sardelli fez o contrário, foi enxuto e genérico demais na exposição da temática se compararmos com as demais no mesmo documento, justamente num dos setores mais bem avaliados do governo atual. O problema dessa pincelada geral é que nos leva a crer que o setor perderá status de prioridade e não nos permite mensurar quais efetivamente serão os avanços. O que é a Escola Inovadora? Qual público-alvo? Onde serão construídas as novas creches?  Quais ações efetivas para promover a Cultura de paz? Ficam esses os questionamentos frente às propostas que foram apresentadas.
NO GERAL, os planos de governo defendidos pelo PL e pelo PDT mostram consistência e estão conectados com a realidade local – ambos os candidatos estão sendo assessorados por bons especialistas no setor. Muitas das metas dos planos de 2020 já não estão mais na pauta, isso é um sinal de avanço. Faltou abordar com mais ênfase os currículos voltados às tecnologias, com programação, robótica, inteligência artificial – o setor privado já está dando esse salto. E eu recomendaria propostas mais ousadas na formação bilingue, em parceria com certificadoras internacionais de proficiência. Faltou falarem sobre ações de assistência social que garantam condições de aprendizagem em um país marcado pela desigualdade social. São saltos possíveis e que elevarão o nível da nossa rede. Que o eleitor cumpra seu papel de analisar, ponderar e cobrar.
Os documentos de propostas de governo podem ser baixados no sítio eletrônico do TRE-SP: Eleições 2024 / Candidaturas / Divulgação de Candidaturas e Contas eleitorais / Sudeste / São Paulo / Americana.

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Bruno Santos é bacharel em Ciências Sociais pela Unicamp, especialista em gestão pela USP, professor e assessor parlamentar.

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