Em uma clara mudança de tom, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta quinta-feira (27), em visita a Piracicaba, que a Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304) pode ficar de fora do projeto de concessão da Rota Mogiana e, portanto, deixar de receber pedágios nos kms 122, 144 e 154. Mas, segundo ele, isso significaria que a rodovia que corta também Americana e Santa Bárbara deixaria de receber os investimentos previstos.

O plano do Governo do Estado, através da Secretaria de Parcerias em Investimentos, é instalar pórticos de pedágio em três pontos da SP-304, em ambos os sentidos. O lote também contempla a Rodovia Margarida da Graça Martins (SP-135), conhecida como Estrada Velha de Tupi, com estruturas de pedágio nos quilômetros 2, em Santa Bárbara, e 16, em Piracicaba. A cobrança prevista é no formato Sistema Automático Livre, o free flow, sem barreiras e o pagamento por meio de tags nos veículos, sem necessidade de parar numa cabine.

Conforme reportagem especial do NM, a SP-304 fica distante das demais rodovias da chamada Rota Mogiana, com 385 quilômetros de pistas em 19 cidades – Aguaí, Cajuru, Casa Branca, Cravinhos, Espírito Santo do Pinhal, Estiva Gerbi, Itobi, Mococa, Mogi Guaçu, Ribeirão Preto, Santa Cruz da Esperança, Santo Antônio do Jardim, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo, Serrana e Vargem Grande do Sul. Portanto, sua exclusão do projeto não causaria desconforto em municípios que estão distantes no mapa.

“Existe a possibilidade de [a SP-304] ficar de fora [do pacote de concessões]? Claro que existe, está sendo estudado. Toda vez que a gente faz uma consulta pública, a gente faz para ouvir a população, porque a gente precisa agregar investimento”, admitiu Tarcísio. Bem diferente do discurso adotado na segunda-feira (24), em Santa Bárbara, onde participou de evento ambienta e não quis falar com a imprensa sobre o assunto, mas após manifestações do lado de fora e questionado por repórteres, insistiu na necessidade dos pedágios para os investimentos.

Possibilidade de alterações

“Existe, sim, a possibilidade de ficar de fora. Lembrando: para ficar de fora, o investimento também fica de fora”, ponderou o governador, durante inauguração da segunda unidade da Klabin em Piracicaba. Tarcísio afirmou que o projeto ainda está em fase de estudos, para que a população seja ouvida, e por isso ainda há possibilidade de alterações. Entre as obras planejadas para a concessão à iniciativa privada, estão a terceira faixa de ponta a ponta e dispositivos viários.

O projeto prevê, no total, a duplicação de 251 quilômetros de rodovias e R$ 16 bilhões de investimentos. De acordo com Tarcísio, é um montante possível de aplicar somente por meio de parceria com a iniciativa privada. “A gente tem que ver também o seguinte: quem vai fazer a quantidade de dispositivos que estão previstos em Americana? Só de dispositivos lá tem um estoque relevante de recursos. A 304 hoje atende? Será que o investimento não compensa? São essas ponderações que a gente tem que fazer”, acrescentou.

Tarcísio ainda comentou a possibilidade de ‘isentar’ ou dar descontos a moradores das cidades impactadas. “Americana e Santa Bárbara são duas cidades ‘conurbadas’, é uma mancha urbana só. A gente sempre, também, nessas situações, consegue aliviar o tráfego local, porque, por exemplo, o cara que faz aquele deslocamento todo dia, casa e trabalho, às vezes passa num pórtico, às vezes passa no outro. Você anula a cobrança, você tem o desconto para o usuário frequente, você tem via marginal que você coloca e tira a cobrança”, reforçou.

A previsão do Governo Estadual é investir R$ 102,4 milhões na implantação de faixa adicional entre os quilômetros 120 e 137, nos dois sentidos, além de R$ 307,6 milhões em obras de pavimento, ao longo dos 30 anos de concessão. “É um investimento muito pesado. O Estado precisa trazer capital privado para fazer esse investimento. Não tem milagre. A gente sempre procura uma maneira de acelerar o investimento. Então, são as escolhas que a gente tem de fazer”, finalizou.