A particularidade do comando das Câmaras Municipais em relação às Prefeituras começa pelo período, que é a metade: a cada dois anos o Poder Legislativo troca de presidente, enquanto no Executivo o prefeito é pelo menos a cada quatro, com possibilidade de mais quatro. Claro que pode ocorrer de um presidente da Câmara emendar dois biênios, mas isso é raro e só ocorre de uma Legislatura para outra.

Esse fato, por si só, já atrapalha os dirigentes a adotar determinados projetos mais ousados. Seja pela falta de tempo para execução ou a descontinuidade após outro assumir o comando da Casa de Leis. Um exemplo disso pode ser visto em Americana. Pouco tempo depois de assumir a presidência da Câmara, o vereador Léo da Padaria (PL) dá andamento em tratativas para a elaboração de um plano de construção de uma sede própria.

No começo de 2022, o segundo ano de gestão do então presidente Thiago Martins (PV, agora PL), a sede que funcionava desde 2007 na frente da Praça Divino Salvador foi transferida para a Avenida Monsenhor Bruno Nardini, no Jardim Miriam. Mas no início do ano seguinte, com a entrada de Thiago Brochi (sem partido, agora PL), uma das primeiras declarações do novo gestor já dizia respeito a pretensão de erguer uma sede própria.

Ou seja, menos de um ano após a mudança, já se falava em alterar a sede legislativa americanense. Além dos gastos volumosos pra transferir todo o mobiliário e equipamentos ao novo local, ainda houve altas despesas por meses depois da entrega oficial com o prédio na Praça Divino Salvador envolvendo empresa de vigilância. Então, o que era pra ser uma economia de aluguel a curto e médio prazos, não se concretizou. Pelo contrário, foram dispendidas quantias altas.

Plano e comissão

Na última terça-feira (6), a Câmara de Americana iniciou a elaboração do plano para construir uma sede própria, que deverá ficar em uma área de cerca de 6 mil m², com acesso por meio de avenidas. O primeiro passo foi dado através da criação de uma comissão de estudos, oficializada no Diário Oficial, composta por seis servidores efetivos da Secretaria Geral, Procuradoria Jurídica, Contabilidade, Assessoria Técnica e Serviços Legislativos.

Os membros da comissão vão analisar o melhor modelo para construção e levar em consideração um projeto que está pronto desde 2019, quando a intenção era fazer uma nova sede no bairro Terramérica. Agora, o presidente Léo da Padaria vai conversar com o prefeito Chico Sardelli (PL) e secretários municipais. Pelo acordo, a Prefeitura deve doar um terreno para a edificação, já que a compra de área aumentaria o curso a ponto de tornar inviável a mudança.

Atualmente, a sede no Jardim Miriam custa R$ 52,8 mil por mês, valor que deverá ser reajustado neste ano e passar dos R$ 60 mil. Houve uma conversa para a possível compra do atual prédio, com base em uma avaliação da prefeitura de R$ 25 milhões. No entanto, os proprietários acharam o valor “muito baixo” e as negociações não evoluíram. A ideia é que o prédio próprio seja erguido em terreno de 6 mil m², para que o edifício térreo ocupe 3 mil m², bem localizado, próximo de avenidas e atendido por linhas de ônibus.

A área cogitada desde 2019 fica entre as ruas Roberto Jensen, Padre Oswaldo Vieira de Andrade e Avenida Gioconda Cibin, no Terramérica. O local é bem plano e arborizado, próximo do projeto Benaiah. Existem outros terrenos públicos que chegaram a ser oferecidos à Câmara no passado para a construção de uma sede, como no Jardim Trípoli e na antiga União Operária, no Jardim Nossa Senhora de Fátima.

Com isso, pode ser a sexta sede da Câmara de Americana na história. A primeira funcionou no calçadão da Rua Fernando Camargo (Centro), onde hoje tem as lojas Marin Calçados e Cíntia Presentes. Na década de 1940, a Casa de Leis foi para a Rua Washington Luís, junto com o Paço Municipal. A sede ainda migrou para a Avenida Brasil (junto com o atual Paço Municipal, em 1973), depois para a Praça Divino Salvador (em 2007) e a atual na Avenida Monsenhor Bruno Nardini, em 2022.