Artigo: Chávez, a Geni Latinoamericana

Política crítica,

Artigo: Chávez, a Geni Latinoamericana

7 de março de 2013

???E Chávez se foi. Abatido pelo câncer que o governo venezuelano tentou esconder, assim como muitas informações do seu governo.
???Considerado pela direita como um bufão latinoamericano e pela esquerda como um herói ladeado por Che Guevara e Fidel Castro, o Coronel Hugo Chávez dominou a cena venezuelana desde 1992, quanto tentou um golpe de estado (algo bem comum no seu país durante o século XX). Acabou por chegar a presidência numa eleição direta, derrotando uma elite que há anos estava no poder local. ?? sintomático sua eleição, pois acontece após reformas políticas que permitiram o voto direto para governador e criação de prefeituras no país. Aos eleitores no era permitido a escolha destes cargos. Assim podemos imaginar Chávez como um basta mesmice que dominava a política venezuelana marcada por caudilhos.
???A sua eleição também marcada pela Venezuela vir de vinte anos de crise econômica, com preço do petróleo (seu principal produto) baixo, inflação alta, baixo crescimento. Ele foi a resposta do eleitorado a tantos anos de crise e ao desgaste da classe política da época.
???Seu primeiro governo foi marcado por uma forte oposição daqueles que estavam no poder havia décadas e nada tinham contribuído para a melhoria da vida da população: não transformaram a riqueza do petróleo em bem estar para o venezuelano médio. Com dogmas da antiga esquerda misturada a um populismo bem característico da América Latina e com a sorte de ter o petróleo com o preço nas alturas, Hugo Chávez passou a distribuir benefícios população antes restrita a poucos venezuelanos.
???A oposição (leia-se antiga elite) continuou forte mas cometeu um erro crasso, imaginando que grande parte da população lhe apoiaria: negou-se a participar da eleição para a Assembleia Constituinte que decidiu a Constituição do país de 1999. Com praticamente todas as cadeiras da assembleia ocupadas por aliados, Chávez montou uma carta magna a sua imagem e semelhança. Estava garantida sua dominação política na Venezuela. Em 2002, os opositores tentaram um golpe de estado, que fracassou tendo em vista o forte apoio da população à Chávez e por eles não fazerem a leitura correta do ambiente político (bem típico, pois durante a história de Venezuela não quiseram ou não aprenderam a escutar sua população). Ele retornou ao poder em dois dias e o fracassado golpe minou a oposição. Daí em diante conseguiu, inclusive, que a reeleição não tivesse limites.
???Com o dinheiro do petróleo, Hugo Chávez tentou arregimentar apoiadores a sua causa bolivariana que propagava. Era caracterizada por ser socialista, anticapitalista, antiamericana e que pregava a união dos países latinoamericanos. Nesta missão ele conseguiu como principais aliados Cuba (irmãos Castro), Bolívia (Evo Morales), Equador (Rafael Correa), Argentina (Cristina Kirchner), bem como outros países da América Central. Também se aliou ao Irã, identificando-se com Ahmadinejad. Em comum, todos são considerados párias na comunidade internacional e todos dependeram ou dependem de alguma ajuda econômica de Chávez (menos Irã). Muitos atiravam pedras no coronel mas alguns acabavam por pedir sua ajuda: em dólares.

???Para o Brasil, morre um aliado que algumas vezes atrapalhava e criava constrangimentos, mas que permitiu que nós tivéssemos um superávit comercial com a Venezuela, ajudando em nossa balança comercial. Por vezes teve a capacidade de desequilibrar a balança de poder na América do Sul, conseguindo o apoio de alguns países sulamericanos para suas causas e políticas, através da força do dinheiro do petróleo. 
???Seu governo foi marcado por ser caudilhista, de dominação carismática, ter forte personalismo, caracterizado no chavismo e nos chavistas que pregam as ideias e políticas de Chávez. Provavelmente este movimento morrerá ou se transformará num peronismo venezuelano, com vários membros brigando para ser o legítimo herdeiro do padrinho, distanciando-se com o passar dos anos das ideias originais do seu mentor. Isto acontece, como mostrou Max Weber, com a dominação carismática que, por se centralizar no indivíduo, não consegue fazer um sucessor que o substitua em carisma.

???Não se pode negar que Chávez melhorou a qualidade de vida do povo venezuelano, com acesso educação, saúde e bens de consumo. Fez o que nenhum governante anterior fez, que foi distribuir a riqueza gerada pelo petróleo. Porém o fez, praticamente acabando com a oposição (esta também fez muita força para que isto ocorrese), com uma justiça imparcial e com a imprensa livre, deixando sérias lacunas na democracia venezuelana (se é que podemos chamar de democracia, apesar de haver mecanismos de consulta populares, como eleições e plebiscitos).
???
No momento a briga política no país não será entre governistas e oposição (apesar da eleição marcada para daqui a 30 dias), mas entre os antigos aliados que batalharão para serem sucessores do coronel. A comoção com a sua morte ajuda os governistas, principalmente o seu vice, Nicolás Maduro, que foi apontado como sucessor pelo próprio Chávez antes de ir à Cuba para a última internação.
???
Restou aos venezuelanos uma inflação alta, algum descontentamento com o coronel, bem como admiração da população mais pobre. Seus sucessores, governistas e oposição, terão de lidar, a partir de 05 de março, com o mito que se criará em torno do nome Hugo Chávez.

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Política crítica,

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7 de março de 2013

???E Chávez se foi. Abatido pelo câncer que o governo venezuelano tentou esconder, assim como muitas informações do seu governo.
???Considerado pela direita como um bufão latinoamericano e pela esquerda como um herói ladeado por Che Guevara e Fidel Castro, o Coronel Hugo Chávez dominou a cena venezuelana desde 1992, quanto tentou um golpe de estado (algo bem comum no seu país durante o século XX). Acabou por chegar a presidência numa eleição direta, derrotando uma elite que há anos estava no poder local. ?? sintomático sua eleição, pois acontece após reformas políticas que permitiram o voto direto para governador e criação de prefeituras no país. Aos eleitores no era permitido a escolha destes cargos. Assim podemos imaginar Chávez como um basta mesmice que dominava a política venezuelana marcada por caudilhos.
???A sua eleição também marcada pela Venezuela vir de vinte anos de crise econômica, com preço do petróleo (seu principal produto) baixo, inflação alta, baixo crescimento. Ele foi a resposta do eleitorado a tantos anos de crise e ao desgaste da classe política da época.
???Seu primeiro governo foi marcado por uma forte oposição daqueles que estavam no poder havia décadas e nada tinham contribuído para a melhoria da vida da população: não transformaram a riqueza do petróleo em bem estar para o venezuelano médio. Com dogmas da antiga esquerda misturada a um populismo bem característico da América Latina e com a sorte de ter o petróleo com o preço nas alturas, Hugo Chávez passou a distribuir benefícios população antes restrita a poucos venezuelanos.
???A oposição (leia-se antiga elite) continuou forte mas cometeu um erro crasso, imaginando que grande parte da população lhe apoiaria: negou-se a participar da eleição para a Assembleia Constituinte que decidiu a Constituição do país de 1999. Com praticamente todas as cadeiras da assembleia ocupadas por aliados, Chávez montou uma carta magna a sua imagem e semelhança. Estava garantida sua dominação política na Venezuela. Em 2002, os opositores tentaram um golpe de estado, que fracassou tendo em vista o forte apoio da população à Chávez e por eles não fazerem a leitura correta do ambiente político (bem típico, pois durante a história de Venezuela não quiseram ou não aprenderam a escutar sua população). Ele retornou ao poder em dois dias e o fracassado golpe minou a oposição. Daí em diante conseguiu, inclusive, que a reeleição não tivesse limites.
???Com o dinheiro do petróleo, Hugo Chávez tentou arregimentar apoiadores a sua causa bolivariana que propagava. Era caracterizada por ser socialista, anticapitalista, antiamericana e que pregava a união dos países latinoamericanos. Nesta missão ele conseguiu como principais aliados Cuba (irmãos Castro), Bolívia (Evo Morales), Equador (Rafael Correa), Argentina (Cristina Kirchner), bem como outros países da América Central. Também se aliou ao Irã, identificando-se com Ahmadinejad. Em comum, todos são considerados párias na comunidade internacional e todos dependeram ou dependem de alguma ajuda econômica de Chávez (menos Irã). Muitos atiravam pedras no coronel mas alguns acabavam por pedir sua ajuda: em dólares.

???Para o Brasil, morre um aliado que algumas vezes atrapalhava e criava constrangimentos, mas que permitiu que nós tivéssemos um superávit comercial com a Venezuela, ajudando em nossa balança comercial. Por vezes teve a capacidade de desequilibrar a balança de poder na América do Sul, conseguindo o apoio de alguns países sulamericanos para suas causas e políticas, através da força do dinheiro do petróleo. 
???Seu governo foi marcado por ser caudilhista, de dominação carismática, ter forte personalismo, caracterizado no chavismo e nos chavistas que pregam as ideias e políticas de Chávez. Provavelmente este movimento morrerá ou se transformará num peronismo venezuelano, com vários membros brigando para ser o legítimo herdeiro do padrinho, distanciando-se com o passar dos anos das ideias originais do seu mentor. Isto acontece, como mostrou Max Weber, com a dominação carismática que, por se centralizar no indivíduo, não consegue fazer um sucessor que o substitua em carisma.

???Não se pode negar que Chávez melhorou a qualidade de vida do povo venezuelano, com acesso educação, saúde e bens de consumo. Fez o que nenhum governante anterior fez, que foi distribuir a riqueza gerada pelo petróleo. Porém o fez, praticamente acabando com a oposição (esta também fez muita força para que isto ocorrese), com uma justiça imparcial e com a imprensa livre, deixando sérias lacunas na democracia venezuelana (se é que podemos chamar de democracia, apesar de haver mecanismos de consulta populares, como eleições e plebiscitos).
???
No momento a briga política no país não será entre governistas e oposição (apesar da eleição marcada para daqui a 30 dias), mas entre os antigos aliados que batalharão para serem sucessores do coronel. A comoção com a sua morte ajuda os governistas, principalmente o seu vice, Nicolás Maduro, que foi apontado como sucessor pelo próprio Chávez antes de ir à Cuba para a última internação.
???
Restou aos venezuelanos uma inflação alta, algum descontentamento com o coronel, bem como admiração da população mais pobre. Seus sucessores, governistas e oposição, terão de lidar, a partir de 05 de março, com o mito que se criará em torno do nome Hugo Chávez.

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