Segundo o Detran-SP, foram registrados mais de 2.600 casos de suspeita de clonagem no último ano, uma média de sete vítimas por dia.
O cenário se agravou: apenas em junho de 2025, a capital paulista contabilizou 5.579 ocorrências de falsificação de placas em motocicletas.
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Placas ilegais podem ser facilmente adquiridas pela internet por valores entre R$ 20 e R$ 30, alimentando uma rede criminosa que gera prejuízos aos cofres públicos e transtornos para motoristas inocentes.
O que mudou (clonagem):
A atual crise tem origem em decisões tomadas em 2019, quando itens de segurança das placas veiculares foram retirados pelo Ministério da Infraestrutura, então sob a gestão de Tarcísio de Freitas, por meio da Resolução 780 do Contran. Desde a criação da placa padrão Mercosul (atual PIV), o Brasil deixou de adotar proteções que haviam sido pensadas justamente para coibir a falsificação e a produção clandestina.
Entre os itens retirados estão:
• Ondas senoidais na película refletiva e o efeito difrativo nas inscrições “Brasil-Mercosul” em alto-relevo (2019);
• Faixa holográfica (2017);
• Bandeira do estado e brasão da cidade (2018);
• Lacre (2018);
• Chip RFID (2018).
A justificativa na época era reduzir os custos das placas. No entanto, a consequência foi a perda da confiabilidade e a expansão do mercado ilegal. O QR Code, apontado como substituto de segurança, nunca teve essa função: serve apenas para controle de produção e arrecadação pelo governo federal.
Declarações e medidas recentes:
O próprio governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao lançar o programa Smart Sampa , que equipa motos da PM e da Guarda Civil Metropolitana com câmeras para leitura de placas, reconheceu a gravidade da situação. Segundo ele, o estado enfrenta uma “epidemia” de crimes cometidos por motociclistas com placas adulteradas. Tarcísio também criticou a retirada do lacre no padrão Mercosul, admitindo que a decisão fragilizou os mecanismos de controle.
Outras ações em curso incluem:
• Ofício do prefeito Ricardo Nunes ao governo federal, solicitando o retorno do lacre;
• Implantação do Smart Sampa, para intensificar o monitoramento em tempo real.
Apesar disso, especialistas apontam que apenas o reforço físico nas placas, com elementos de segurança visíveis e de difícil falsificação, como ocorre em documentos oficiais, passaportes e CNHs, será capaz de reduzir de forma efetiva a escalada das fraudes.
Contexto e perspectivas:
O histórico mostra que a retirada dos itens de segurança, em nome da economia, abriu espaço para o crescimento da produção clandestina. Hoje, quadrilhas especializadas se aproveitam da fragilidade do sistema, disseminando placas clonadas em larga escala. O governador reconhece o problema e busca alternativas, mas a definição sobre a reintrodução de itens de segurança depende do atual Governo Federal, responsável pelas normas do Contran. Enquanto isso, motoristas seguem expostos a um risco diário de serem vítimas de fraudes.
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