Equilíbrio financeiro- O ambiente econômico de 2025 impõe às PMEs um duplo desafio: preservar liquidez e manter trajetória de crescimento sob juros elevados e fragilidade no crédito. O Comitê de Política Monetária manteve a taxa Selic em 15% ao ano, na reunião de 17 de setembro de 2025, destacando que as incertezas externas e os desafios domésticos justificam a estabilidade dos juros nesse nível, segundo a Agência Brasil.

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Dados do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian apontam um recorde: 7,7 milhões de CNPJs negativados, acumulando dívidas que somam R$ 182,4 bilhões. Esses números refletem um cenário de maior custo e risco no acesso ao crédito para PMEs, que enfrentam dificuldades para planejar operações e suportar oscilações inesperadas.

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Para o empresário Thiago Oliveira, CEO da Saygo, holding especializada em comércio exterior, câmbio e tecnologia financeira, o problema está mais na execução do que na informação. “O excesso de dados e a falta de método paralisam. Decisões financeiras inteligentes exigem previsibilidade e rotina, não improviso”, afirma.

Desafios e sazonalidade

A principal vulnerabilidade das pequenas empresas está na falta de estrutura para atravessar períodos de baixa receita. A sazonalidade, comum em segmentos como varejo, agronegócio e serviços, gera picos de fluxo de caixa seguidos por períodos de escassez. “Sem um planejamento que antecipe esses ciclos, o empresário acaba tomando crédito caro e desequilibrando todo o orçamento”, explica Oliveira.

O especialista recomenda mapear fluxos mensais de entrada e saída, projetando dois cenários: um base e outro conservador, com receitas até 10% menores que a média histórica. “Também é recomendável manter uma reserva de liquidez capaz de cobrir de um a dois meses de despesas fixas e renegociar prazos com fornecedores em períodos de menor faturamento”, ressalta.

Negócios que operam com exposição cambial, como importadoras, exportadoras ou companhias que compram insumos dolarizados, devem adotar mecanismos de proteção. Segundo o relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 57% das exportadoras apontaram o câmbio como principal gargalo de 2024. “Mesmo as pequenas empresas podem adotar estratégias simples de proteção cambial, como travar parte das operações em dólar ou manter contas em moeda estrangeira. Essas medidas reduzem a volatilidade e ajudam a preservar a margem de lucro”, afirma o CEO da Saygo.

Indicadores que orientam decisões

A previsibilidade nasce de métricas simples, segundo Oliveira. Margem de contribuição ajustada, índice de liquidez corrente, giro de estoques e percentual de inadimplência interna são indicadores que permitem decisões rápidas sem depender de relatórios complexos. “Empresário não precisa de dashboard sofisticado, precisa de clareza. Saber onde está o problema é o primeiro passo para corrigi-lo antes que vire crise”, resume.

Ferramentas digitais também ajudam. Plataformas de controle de caixa automatizado e inteligência de dados já permitem que PMEs projetem cenários de curto prazo, identifiquem desvios e reajam com mais agilidade. “Quando o gestor tem acesso fácil a dados operacionais, evita decisões emocionais e ganha tempo para agir estrategicamente”, completa o executivo.

Evitar o improviso e construir rotina financeira

A recomendação é adotar um orçamento flexível com revisões mensais e realizar projeções de fluxo de caixa a cada quinze dias, para acompanhar mudanças no cenário financeiro. Outra prática eficaz é a análise de variações. Toda diferença relevante entre o previsto e o realizado deve gerar uma reunião rápida de correção de rota.

“Financeiramente, a improvisação custa caro. Empresas que mantêm disciplina no controle de caixa e planejamento crescem de forma mais sustentável, mesmo em tempos de câmbio instável e juros altos”, conclui Thiago Oliveira.

Dicas do especialista: Seis maneiras de manter o equilíbrio financeiro em tempos de instabilidade

  1. Planeje o caixa com antecedência: elabore projeções mensais de entradas e saídas, considerando sazonalidades e possíveis atrasos.
  2. Mantenha uma reserva de liquidez: o ideal é ter capital para cobrir de 30 a 60 dias de despesas fixas.
  3. Defina indicadores simples: acompanhe margens, inadimplência e liquidez semanalmente para evitar decisões por intuição.
  4. Negocie com fornecedores: alongue prazos e evite comprometer o capital de giro em meses de menor receita.
  5. Evite improvisos: revisões quinzenais do orçamento ajudam a antecipar gargalos e corrigir desvios antes que impactem o caixa.
  6. Use tecnologia a favor da previsibilidade: plataformas automatizadas e relatórios inteligentes permitem agir com base em dados e não em percepções.

Sobre a Saygo

A Saygo é uma holding brasileira especializada em comércio exterior, formada pela unificação da Proseftur Assessoria em Comércio Exterior e da Zebra Corretora de Câmbio. Com mais de 23 anos de experiência, a empresa oferece soluções integradas para importadores e exportadores, abrangendo assessoria em operações internacionais, serviços cambiais e desenvolvimento de tecnologias para otimização de processos globais. Seu compromisso é auxiliar empresas a ingressarem e expandirem suas atividades no mercado internacional, proporcionando estratégias inovadoras e suporte especializado.

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