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Inovação e praticidade marcam a nova era dos meios de pagamento no Brasil

Como reflexo da digitalização dos serviços financeiros, o cheque – símbolo de segurança e status nos anos 1990 – vem perdendo protagonismo entre os brasileiros. No primeiro semestre deste ano, foram 50 milhões de cheques compensados, queda de 21,9% em relação ao mesmo período de 2024, quando o total chegou a 64 milhões.

Os dados são da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e mostram, ainda, que, embora somem R$ 211 bilhões em volume financeiro, o número é apenas uma fração do que se via há 30 anos. Em 1995, início da série histórica, 3,3 bilhões de cheques foram compensados, movimentando cerca de R$ 2 trilhões.

Mesmo com a redução, o cheque ainda resiste em alguns nichos. De acordo com o diretor-adjunto de Serviços e Segurança da Febraban, Walter Faria, mais da metade dos cheques emitidos no país vêm de empresas, geralmente utilizadas em negociações com fornecedores e parcelamentos.

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“Entre pessoas físicas, os cheques ainda são utilizados tanto pela confiança entre clientes e lojistas, quanto pela possibilidade de obtenção de melhores condições de pagamento, como descontos e prazos maiores, além de não exigir limite de crédito disponível”, destaca.

Paralelamente, o Pix é a forma de pagamento que mais cresceu em termos de quantidade de transações no país. Segundo o Banco Central (BC), em 2024 o número de operações aumentou 52%, fazendo com que o sistema respondesse por quase metade (47%) das transações eletrônicas realizadas no último trimestre 

 

Para a diretora de Payments e Banking da Vindi, Monisi Costa, essa rápida transição do cheque ao Pix simboliza uma mudança profunda no comportamento do consumidor brasileiro, que exige mais agilidade, segurança e conveniência em suas transações. 

 

Essa percepção é reforçada por uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), realizada em parceria com a Offerwise. O levantamento mostra que os principais motivos para a preferência pelo Pix são rapidez e praticidade (71%), segurança (30%) e maior aceitação nas lojas (25%).

“Para as empresas, essa evolução deixou de ser um diferencial para se tornar um requisito de sobrevivência. Adaptar-se não significa apenas oferecer novos métodos, mas repensar toda a jornada do cliente para eliminar atritos e otimizar a conversão em um ambiente cada vez mais digitalizado.”, alerta a diretora do hub de pagamentos.

 

Uso de cartões também cresce

Junto ao Pix, os cartões também estão entre os meios de pagamento mais utilizados pelos brasileiros, segundo o BC. Os números mostram o crescimento das transações nas modalidades de crédito (11%), débito (2,5%) e pré-pago (19,2%), o que representa uma expansão média de 9,8% em 2024.


As estatísticas apontam também que, em 2024, havia cerca de 235 milhões de cartões de crédito ativos, um aumento de quase 14% em relação a 2023. Já a quantidade de cartões pré-pagos subiu 9%, atingindo aproximadamente 74 milhões, enquanto os cartões de débito registraram leve retração, passando de 162 milhões para 154 milhões.

 

“Os cartões, como já ocorrera em anos anteriores, mantiveram tendência de crescimento tanto em quantidade quanto em volume de transações, especialmente os de crédito e pré-pago”, afirmou o coordenador no Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro (Decem) do BC, André Telles,

 

A pesquisa da CNDL e do SPC Brasil também reforça essa tendência, apontando os principais motivos para a preferência pelo cartão de crédito: maior prazo para pagamento (55%), possibilidade de parcelar as compras (46%) e rapidez e praticidade (42%).

 

Empresas devem se adaptar a um cenário híbrido (sem cheque)

A variedade de opções disponíveis fez com que os modelos de pagamento migrassem para um padrão cada vez mais híbrido. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), os consumidores hoje combinam meios físicos e digitais, o que exige das empresas um processo de adaptação.

 

A Federação destaca que a evolução constante das tecnologias e o surgimento de novas formas de pagamento trazem dúvidas sobre qual estratégia adotar, mas o caminho mais eficiente pode ser a diversificação, e não apenas a substituição dos modelos

 

O Sebrae reforça essa visão ao afirmar que já não faz sentido aceitar apenas os métodos tradicionais, como dinheiro, cheques ou promissórias. O Serviço observa que os Instrumentos Eletrônicos de Pagamento (IEP) – como cartões, boletos, transferências, links de pagamento e o próprio Pix – estão entre os preferidos da maioria dos clientes, especialmente após a pandemia.


Monisi afirma que, com a diversidade de opções disponíveis, a complexidade para as empresas aumentou exponencialmente. É nesse cenário que os hubs de pagamento atuam como orquestradores, unificando todas as pontas em uma única plataforma inteligente. 

 

“O papel de um hub é traduzir essa complexidade em eficiência operacional, permitindo que as empresas ofereçam liberdade de escolha ao consumidor sem sacrificar a gestão, a segurança e o controle financeiro. Eles são fundamentais para que qualquer negócio, independentemente do porte, possa focar em seu crescimento, deixando a complexidade da estrutura de pagamentos com um parceiro especialista”, explica. 

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