Faleceu, em sua residência, Mãe Dja de Oxum, nome religioso de Djanira de Lima Braulino, aos 89 anos. Nascida em 16 de outubro de 1936, no município, filha de pais barbarenses, Mãe Dja construiu uma trajetória marcada pela fé, pelo acolhimento e pela resistência ao preconceito religioso.

Santa Bárbara d’Oeste perdeu, ontem (27/12), uma de suas mais importantes lideranças religiosas e referências da espiritualidade de matriz africana.

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Mae dja

Responsável pela criação de suas quatro filhas — Ângela, Ana, Tânia e Sandra (em memória) —, Mãe Dja também era avó e bisavó dedicada, sendo lembrada com carinho por toda a sua descendência. Mulher negra protagonista de sua própria história, conquistou reconhecimento e respeito da sociedade barbarense pela relevância de seu trabalho espiritual e comunitário, tornando-se uma das líderes religiosas mais emblemáticas do município.

Católica de nascimento, Mãe Dja de Oxum converteu-se à Umbanda em 1952, em um templo localizado na cidade de Campinas. Atendendo ao chamado espiritual, fundou em Santa Bárbara d’Oeste o Templo de Umbanda Caboclo da Lua e Mamãe Oxum, situado na Rua das Américas, 288, na Vila Mac Knight. Desde então, a casa religiosa tornou-se espaço de acolhimento não apenas para adeptos da Umbanda, mas também para pessoas de diferentes credos, que ali encontravam força espiritual para enfrentar as adversidades do cotidiano, ancoradas nos princípios, no legado e na tradição umbandista.

Ao longo de sua vida, Mãe Dja foi uma voz firme

no enfrentamento ao preconceito religioso, sempre com o apoio de sua família, defendendo o culto a Deus e à espiritualidade por meio da liturgia da Umbanda. Seu trabalho teve impacto especial junto à comunidade negra do município, fortalecendo identidades, promovendo respeito e preservando tradições ancestrais.

Em reconhecimento à sua trajetória, Mãe Dja de Oxum foi homenageada em 2023 pela Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste com a Medalha Zumbi dos Palmares, honraria concedida a personalidades que se destacam na luta pela igualdade racial e valorização da cultura negra.

A vereadora Esther Moraes lamentou a morte da líder religiosa e destacou seu legado. “Mãe Dja de Oxum deixa um exemplo de fé, coragem e amor ao próximo. Sua história se confunde com a luta contra o racismo religioso e com a construção de uma cidade mais justa e respeitosa. Santa Bárbara perde uma grande mulher”, afirmou.

Segundo familiares, Mãe Dja convivia há anos com Alzheimer e sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A causa da morte foi atribuída à idade avançada. O velório foi realizado no próprio Templo de Umbanda Caboclo da Lua e Mamãe Oxum, espaço que marcou sua missão espiritual, e o sepultamento ocorreu nesta manhã no Cemitério Cabreúva.

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