O que se segue abaixo é resultado de nossas reflexões sobre a política local. Não entendemos que preocupar-se com as contendas políticas no nível municipal seja algo importante, pois elas são, no limite, apenas reflexos do plano nacional. Contudo, desde um pretenso ???movimento??? que pedia o ???Fora Denis???, prefeito de Santa Bárbara, vimos surgir uma turba de ???revoltados??? que se pretendia alternativa ao que está posto, tanto no executivo quanto no legislativo local. Observamos o movimento e suas bandeiras e, como bons discípulos do velho Mouro, deliberamos, após a última e mais demagógica ???campanha??? encabeçada por esses velhacos travestidos de revolucionários, dar uma resposta sobre o que isso significa para os trabalhadores e se, de fato, esses senhores são o que dizem ser. Quod erat demonstrandum, os leitores verão que se trata apenas de ovelhas em pele de lobo, balindo sofismas para encobrir a mesma e velha política que dizem combater. 

Em tempos de efervescência política, fenômenos interessantes saltam aos olhos em plena luz do dia. Na esteira da crise política e das investidas golpistas de setores reacionários do país, acontecimentos diversos mostram-nos a tendência das classes sociais de se deslocar para um ou outro lado no cenário político. Vimos claramente nas manifestações coxinha do último dia 16 e nas mobilizações chamadas pela CUT, PT e outras organizações populares no dia 20. Em tempos interessantes como esse, numa cidade do interior de São Paulo, Santa Bárbara d???Oeste, oportunistas batem-se não por direitos democráticos ou a falta deles, não a favor ou contra o atual governo, mas, tão somente, em atitudes eleitorialescas, mesquinhas, retrógradas e que se colocam há anos luz da única classe realmente revolucionária da sociedade: os trabalhadores. Esses diligentes senhores, ao que se nota, estão felizes com sua política roceira e limitada, parecem orgulhosos de seu total analfabetismo político. Tentaram depor o atual prefeito, Denis Andia, num ato tão apoteótico quanto as suas convicções políticas que aglutinou em seu auge o total de… zero participantes. Não se mobilizam verdadeiramente por nenhuma reivindicação concreta das classes oprimidas, e, nem de longe querem se meter com os seus mestres, a burguesia, classe da qual são lambedores de botas oficiais. Toda mobilização é de fachada, com um ou outro objetivo moralizador ou ultra-radical e irrealizável com uma única intenção: votos. Não existe outra palavra no vocabulário desses pelegos mal formados e sornas além do interesse nas próximas eleições. Lutas deprimentes por cargos, posições no poder ou um lugar assegurado até o próximo pleito são a materialização do espírito desses nobres senhores. Guiados por lideranças confusas e estultas, no mais novo ???movimento???, esses parasitas políticos agora querem angariar a atenção pública com uma suposta proposta de ???redução salarial??? dos cargos do legislativo barbarense. Nada mais demagógico. Não existe um entre esses ???revoltados??? (talvez tão revoltados quanto o ???povo??? que bate panelas contra a presidenta Dilma) que não queira uma cadeira na ???casa do povo???. Eles não tem nada contra os altos vencimentos dos edis, desde que façam parte da divisão do bolo. Proposta demagógica, um sofisma apresentado como uma verdadeira luta desses senhores contra as forças da ???velha política??? local. Balela. São feitos do mesmo material daqueles que agora criticam, por isso mesmo estão envolvidos em lutas vazias, demagógicas e puramente eleitorais. A única diferença que guardam com os seus ???adversários??? da vez é o estágio em que se encontram. A metamorfose dos arautos da ???nova política??? e da moralização em vereadores inúteis, corruptos e capituladores ocorre quando são eleitos a qualquer cargo. Daí esgota-se o estoque de investidas morais, mas continua inflado o da demagogia. Não sabem esses senhores que política burguesa não se faz de outro modo? Quem acredita no conto de fadas da possibilidade da ???ética??? na política não passa de um ingênuo simplório que nada conhece sobre a natureza do Estado. ?? um ninho de ratos, para os ratos, portanto, não existe o que moralizar, mas sim levantar pautas e reivindicações concretas, oriundas das necessidades das classes oprimidas. Qualquer outra coisa, e dê-se a essa coisa o nome que bem lhe aprouver, não passa, na prática, de pura demagogia. Os que entram nessa senda, eivados de boas intenções, apenas aprendem que ao ingressarem qualquer cargo político, fulgura o velho escrito de Dante nas portas do inferno: ???Vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança.??? Eles só desejam um lugar ao sol. E, para isso, precisam dos holofotes, porque o povo, ora, o povo mal sabe que eles existem. 
Lucas Furlan Ribeiro e José Fernando Rezende