Não foram simples ocupações que vi nas escolas visitadas pela Maestrello em 1º dezembro, quando nossa consultoria ofereceu aulas aos estudantes que as tomaram. Nelas presenciei decisão, organização, determinação, instrução, colaboração, união. Os alunos “invadiram o que lhes pertence” – curioso, não? -, já que a escola é para eles, e deveria ser feita por eles.
Acredito que este movimento contrário à reorganização escolar traga como consequência esse despertar, esse empoderamento de assumir o diferente, a inovação e a responsabilidade. E, assim, a Educação brasileira pode ser salva pelos nossos filhos.
Sim, os jovens podem transformar a escola em um modelo inovador, por “desescolarizá-la”, ou seja, implantar uma nova cultura dentro de sua atual proposta educativa. Inverter papéis que promovam avanço no processo de ensino/aprendizagem. Mas, qual o melhor caminho? Essa é uma resposta deve ser construída coletivamente.
Muitas vezes, vemos os conflitos de forma negativa. Eu gosto de ver como uma possibilidade de mudanças, como a teoria do caos. Do caos surge o diferente, a solução para momentos extremos que exigem de nós tomadas de decisão imediatas.
Não concordo com a imposição do Governo, porém, de sua proposta talvez saia possíveis caminhos que forneçam ao sistema de ensino atual outros moldes. Fato, os estudantes se posicionaram e podem propor alternativas para contrapor ou complementar essa ideia; por que não escutá-los? Eles mostram conhecimento sobre as falhas, e desejam discutir suas teorias a respeito, para que delas surjam práticas de escolas sustentáveis.
Devemos utilizar a estratégia da escutatória de sabedoria coletiva para minimizar decisões equivocadas. Sim, ouvir alunos, educadores, gestores educacionais, pais, comunidade, pessoas que atuam efetivamente no ensino para a construção de diretrizes mais adequadas e, quem sabe assim, nosso país possa ser uma pátria efetivamente educadora e democrática.
Importante ressaltar que fomos dispostos a ministrar voluntariamente uma aula de Políticas Públicas e quem mais aprendeu foi a gente – “manifestantes”, obrigado pela doação de energia para continuar movimentando a Locomotiva do Brasil.
por Ana Lúcia Maestrello – educadora e empreendedora