A história se repete. Nada “nunca foi antes visto”, é absolutamente inédito. Tudo não passa de novas apresentações de Shakespeare, a ponto de alguém ter afirmado que não se sabe se o Bardo descreveu o mundo, ou se o mundo veio como tal para justificar as peças geniais de Shakespeare…
As propostas de Bolsonaro são tipicamente nazistas. Revisão radical e racista da ordem social, campanha de rearmamento massivo da população, violência contra violência, no contexto de uma economia a verter sangue e miséria, altíssimo nível de desemprego. Em tal conjuntura, o discurso demagógico, pretensamente carismático, o culto à personalidade, são ervas daninhas que medram na terra política. Não-à-toa o Budismo condena o culto à personalidade. O equívoco trágico vale tanto para os adeptos de Lula quanto para os de Bolsonaro.
Pensamentos que se contradizem, bolsonaristas que se dizem antilulistas e lulistas que se dizem antibolsonaristas, como se o mundo não apresentasse outras matizes, são obnubilações que escondem os horizontes da necessária política brasileira para deixar esta crise – obviamente grave.
O resultado da segunda guerra mundial, como se sabe, foi de 50 a 70 milhões de mortos; a oportunista União Soviética também sacrificou milhões de camponeses. Em política e na vida, uma única morte – algo que não sabemos do que se trata, além da inação física -, provocada por outrem, é incompatível com a essência humana organizada em vida coletiva.
Fato grave – muito mais, por certo, que a facada, – foi o incêndio oportunista do Palácio Reichstag, que serviu ao crescimento do partido nacional-socialista.
A história deixa claro que arremedos verbais contra o regime das liberdades democráticas – o menos imperfeito erigido pelo homem – devem ser, de imediato, mortos, segundo as próprias regras de democracia e de direito, como o devem ser, quando possível, as cobras venenosas em seus ninhos.
Muitos historiados culpam Neville Chamberlain e sua equipe de doutos estadistas por sonharem sob o canto de sereia de Hitler – ao jurar por sua postura democrática, desarmar as medidas defensivas contrárias e desde logo invadir e destruir a Polônia.
A democracia deve admitir todas as ideias – menos aquelas que pregam sua supressão.
O candidato Bolsonaro já emitiu declarações que poderiam ser classificadas de nazistas – não fosse a rudimentaridade de sua linguagem cabocla.
Cabe-nos, por uma das armas democráticas, o voto, não nos postarmos como Chamberlain, não acreditar nas promessas demagógicas de um candidato rodeado de batalhões, brigadas e Exército, que já deu prova suficiente em nossa história de que, tal como as juras dos políticas, não é merecedor da irreparável e ingênua credibilidade do povo brasileiro, por mais que este tenha sido reduzido à condição de nada compreender para nada criticar.
Amadeu Garrido de Paula, é Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.