Letras escrachadas, divertidas, que relatam sem nenhum pudor experiências sexuais entre mulheres. O som pode parecer agressivo aos ouvidos mais puritanos, mas elas não estão nem aí. Esse é o Sapabonde, um grupo de funk formado por jovens lésbicas de Brasília, que invadiram o cenário musical com uma proposta ousada: mostrar que as mulheres também falam abertamente sobre sexo e estão cada vez menos preocupadas com o julgamento alheio.
Tudo surgiu de forma despretensiosa, há 4 anos, quando as amigas viajaram de férias para Fortaleza e decidiram gravar um vídeo cantando, de brincadeira. Não demorou muito para que se tornasse um viral na internet e o sucesso fez com que viessem outras produções. No grupo, tem promoter, cineasta, assistente social, designer de moda e atriz. Mas é só subirem no palco que viram MC Carol Bitch, MC Tava G., MC Sereia, MC Nina Afetasmina e MC Luara Marola de Fogo.
O estilo é definido como ???neo baile funk de roda proibidão new laje??? e conta com diversas influências: funk melody e old school, como MC Marcinho e MC Serginho, passando por Deize Tigrona, Tati Quebra-Barraco e Valesca Popozuda, com um toque alternativo de Bonde do Rolê e Edu K. Das reuniões em bares, de cerveja em cerveja, vão surgindo as rimas despudoradas que se tornaram uma marca registrada.
???Já não penso em nada / Estou na sua mão / Vem por trás, gatinha, enquanto eu mordo o colchão???. Os versos são de Maria Passivona, uma das canções que agitam os shows. MC Luara diz que, aos poucos, as letras foram se transformando para romper com o padrão ???heteronormativo??? do funk. ???Nós percebemos que falavam muito do papel ativo no sexo, o ???vou te comer???, que é um pouco opressor. E estava acontecendo com as nossas músicas também. Para sair disso, resolvemos manter a ironia, mas pensando sempre no empoderamento da mulher. Queremos falar dessa mina que vive muito feliz a sexualidade dela???, explica.