Duas pesquisadoras da Apta Regional vão à30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025. A instituição de pesquisa vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA). A presença da Apta Regional reforça a integração da pesquisa agropecuária paulista à agenda climática global, incentivando inovação, conservação ambiental e desenvolvimento econômico sustentável.

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As pesquisadoras Maria Teresa Vilela Nogueira Abdo e Elaine Cristine Piffer Gonçalves participarão da 16ª edição da Cúpula Mundial do Clima – a COP de Investimentos, nos dias 13 e 14 de novembro. O evento é um espaço estratégico para a articulação de parcerias e promoção de projetos sustentáveis brasileiros, reunindo iniciativas da Fundação Mundial para o Clima, incluindo a Coalizão de Investimentos Climáticos, a Rede Mundial de Biodiversidade e a Rede Mundial de Impacto — que buscam conduzir o mundo rumo a um futuro de emissões líquidas zero e impacto positivo sobre a natureza.

 

“A participação da Apta Regional na COP30 é fundamental para fortalecer a visibilidade institucional e destacar o papel estratégico da pesquisa agropecuária paulista no contexto das mudanças climáticas”, destaca Maria Teresa Abdo.

 

As pesquisas estão relacionadas às metodologias de mensuração de ganhos da agricultura de baixo impacto, sustentável e na construção de políticas públicas que possam alavancar o produtor. Uma das metas da COP30 é que o Brasil possa liderar um grupo de países na uniformização metodológica para cálculo e comercialização do crédito de carbono.

 

A participação das pesquisadoras representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido pela Apta Regional em projetos voltados à agricultura regenerativa, bioeconomia e conservação ambiental. Dentre as pesquisas em destaque estão os Sistemas Agroflorestais nas unidades de Pindamonhangaba, Bauru e Pindorama; a Agricultura orgânica em Pindamonhangaba, São Roque, Monte Alegre do Sul e Adamantina; a Arborização de pastagens e pecuária sustentável em Pindamonhangaba; o Sequestro de carbono pela cadeia da seringueira, com proposta de pagamento por serviços ambientais em Colina e Pindorama; o Monitoramento da água e restauração florestal com plantio de mudas e semeadura direta (muvuca de sementes) em Pindorama; os Estudos de bioeconomia com plantas medicinais em Pindamonhangaba; e o Levantamento de fauna e flora em unidades de conservação e remanescentes florestais da SAA.

 

Coordenadora da Rede de Pesquisa em Agroecologia Regional (RAR), Maria Teresa desenvolve projetos relacionados ao sequestro de carbono e à sustentabilidade agropecuária. Sua atuação está alinhada aos temas centrais da COP30, especialmente em soluções baseadas na natureza, mitigação das emissões de gases de efeito estufa e transição para sistemas produtivos resilientes ao clima. A Rede Agroecológica, criada pela Apta Regional, tem promovido ações integradas entre pesquisadores e a sociedade, com seminários em diversas unidades de pesquisa do Estado de São Paulo. “Os encontros levam aos produtores resultados concretos de projetos agroecológicos, baseados no tripé da sustentabilidade ambiental, social e econômica”, detalha a pesquisadora.

 

Entre as linhas de pesquisa desenvolvidas, estão projetos sobre pagamento por serviços ambientais de carbono, com foco na valorização de práticas agrícolas sustentáveis, pois para as pesquisadoras, produtores que adotam sistemas de manejo que reduzem emissões de gases de efeito estufa deve ser beneficiados com políticas públicas e incentivos adequados. A Apta Regional também realiza estudos em biodiversidade, bioeconomia e restauração florestal, aproveitando fragmentos de florestas existentes em suas unidades de pesquisa. “No Noroeste Paulista, por exemplo, são conduzidos diversos projetos de restauração, com ênfase no conhecimento do bioma local, produção de mudas e semeadura direta (muvuca de sementes) ”, reforça Maria Tereza. Esses plantios servem como referência para produtores que buscam se adequar às exigências do Código Florestal. Os estudos defendem a criação de mecanismos de remuneração a quem preserva ou restaura florestas, reconhecendo o valor econômico dos serviços ambientais. “Nada mais justo do que remunerar financeiramente os serviços ambientais prestados pelas florestas”, defende a coordenadora da RAR.

 

As pesquisas da Apta Regional envolvem metodologias de mensuração de ganhos da agricultura sustentável e o desenvolvimento de políticas públicas que fortaleçam o produtor rural. Uma das metas da COP30 é justamente promover a uniformização internacional de métodos de cálculo e comercialização de créditos de carbono — campo em que a instituição já atua de forma pioneira.

 

Já Elaine Piffer Gonçalves atua em linhas de pesquisa que dialogam diretamente com as discussões da conferência, contribuindo com conhecimento científico aplicado e estratégias inovadoras de adaptação e mitigação climática na agricultura.

Sobre a Apta Regional

“Participar desse debate, conhecer as novas diretrizes e metas traçadas pelos países presentes e compreender como a agricultura pode mudar o curso da questão climática faz toda a diferença na nossa pesquisa. Poderemos propor novos projetos ou integrar ações já existentes, sempre com base técnica sólida e compromisso ambiental e social”, ressalta Elaine Gonçalves.

 

Segundo a pesquisadora, são desenvolvidos trabalhos junto à cadeia da borracha natural, com metodologia para cálculo de sequestro de carbono em seringueiras e espécies nativas, visando a geração de créditos de carbono. “A cultura da borracha natural brasileira já é reconhecida internacionalmente por seguir protocolos socioambientais rigorosos — sem trabalho infantil ou escravo, com uso responsável da terra e baixo consumo hídrico, além de eficiência no uso de defensivos, priorizando uso de produtos biológicos no controle de pragas e doenças.” É uma cultura sustentável, pois oferece proteção ao solo e a biodiversidade local. Práticas que vão ao encontro da sustentabilidade preconizada pela COP30, que procura unir produção eficiente e sustentável e preservação das florestas, mitigando o efeito estufa.

 

“Esse engajamento é essencial para posicionar a Apta Regional como referência técnica e científica no enfrentamento das mudanças climáticas na agricultura”, conclui o coordenador da instituição, Daniel Gomes.

 

COP30 BR: desafios e compromissos do Brasil para o clima

 

A COP30 reunirá mais de 190 países para debater políticas globais de enfrentamento às mudanças climáticas, com foco na redução de emissões, adaptação, financiamento climático e proteção de florestas e biodiversidade.

 

O Brasil vive uma nova oportunidade de protagonismo internacional ao sediar o evento, com metas ambiciosas de redução de emissões e retomada do papel de liderança climática global. O país também avança com o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), importante ferramenta para financiar a transição ambiental e incentivar práticas regenerativas.

 

Na COP30, o Brasil ainda lançará o Fundo Tropical das Florestas (TFFF), que propõe um novo modelo de financiamento climático, no qual países que preservam suas florestas tropicais serão recompensados financeiramente via fundo global, tornando a conservação uma alternativa economicamente vantajosa.

 

O encontro promete marcar um novo capítulo da agenda ambiental brasileira, integrando discurso, política e prática em torno de um mesmo objetivo – enfrentar a crise climática com base em ciência, inovação e sustentabilidade.

 

Sobre a Apta Regional

A Apta Regional é uma Instituição de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (ICTESP), vinculada à Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA). Com 18 Unidades Regionais de Pesquisa e Desenvolvimento, atua em áreas como agronomia, zootecnia, pesca continental, sanidade vegetal e animal, agregação de valor em produtos agropecuários, sistemas integrados de produção e segurança alimentar. Considerada o maior hub descentralizado de pesquisa agropecuária do Estado, a Apta Regional oferece soluções tecnológicas aplicadas, adaptadas às realidades locais e regionais, contribuindo para o fortalecimento das cadeias produtivas e para uma agricultura mais sustentável e competitiva.

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