Desde 1991 a ONU (Organização das Nações Unidas) incluiu em sua agenda os ???16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher???. Nesse período é organizada uma serie de eventos que discute a vida das mulheres e as situações violentas demonstradas por meio de dados e depoimentos. São 16 dias de palestras, rodas de conversas e eventos organizados por vários movimentos sociais em cada país que tem como objetivo pensar em formas de se combater a violência contra as mulheres, especialmente em politicas públicas capazes de reverter os índices de violência.
O inicio da agenda é todo 25 de novembro, em memória das irmãs Mirabal, três mulheres caribenhas que foram assassinadas na data durante o governo de Rafael Leonidas (1930- 1961), ditador da República Dominicana. As irmãs faziam parte de um movimento chamado ???Las mariposas???, tinham voz e participação ativa na luta contra o autoritarismo. Tornaram-se a imagem de resistência na América Latina e desde 1981 a data ficou marcada como um dia de luta das mulheres contra a violência. No país caribenho existe uma província com o nome delas, um monumento na Avenida Central da capital Santo Domingo, além de um museu que se tornou um local de peregrinação todo o dia 25 de novembro. No Brasil, a data passou a ser celebrada em 2003 e, desde então, movimentos de mulheres de organizam para uma sequencia de eventos que se encerra no dia Mundial dos Direitos Humanos. Esse ano, Paris deu o passo inicial e se antecipou, no ultimo sábado (24). Milhares de mulheres foram às ruas protestar contra a impunidade com relação aos crimes cometidos contra as mulheres e a ciberviolência, muitas delas ameaçadas pelos seus agressores após realizarem denúncias e depoimentos sobre as agressões e violências sofridas. A partir do movimento ???Nous Toutes??? (Todas Nós), a agenda das mulheres se estendeu pela Europa, diversos movimentos se engajaram e tem planejado ações em suas cidades. Pensando os dados ainda alarmantes com relação à violência cometida contra as mulheres, é urgente a necessidade de se discutir formas e políticas públicas capazes de reverter esse quadro. Os 16 dias de ativismo jamais foram tão importantes.
Milena Gomes Soares Historiadora Contato: milenagomes210@gmail.com