Artigo: As trevas e o Royal

Política crítica,

Artigo: As trevas e o Royal

23 de outubro de 2013

A invasão do Instituto Royal ocorre em um período emblemático do Brasil e de outras partes do mundo em que se consolidam ações radicais de movimentos sociais compostos por militantes que ultrapassam com facilidade olímpica a linha tênue que separa a razão da irracionalidade. 
Há frentes na luta em defesa dos animais absolutamente legítimas. Uma delas combate o comércio ilegal de animais onde mercadores retiram espécies da natureza sem levar em consideração a integridade física delas e o equilíbrio ambiental. Tal prática deve ser combatida, ao contrário de pesquisas regulamentadas, que utilizam animais como cobaias com a finalidade de salvar vidas. 
Como alguém pode ser contra pesquisas que salvam vidas? Trabalhos científicos tornaram curáveis doenças que há 20 anos eram mortais. Não dá para acreditar que um ativista ao ver a mãe curada de uma doença que há dez anos era mortal ajoelha-se e pede a Deus pela alma dos ratos e macacos utilizados na pesquisa e pela alma dos cientistas condenados ao inferno. Vejo por aí militantes contrários a experimentos científicos com animais que dedicam amor platônico a uma maminha assada. Sobra histeria e falta coerência. Quem em sã consciência é contra a proteína que tanto nos fortalece ou contra a pesca e outras atividades vitais para a sobrevivência humana? 
Pesquisar antes de erigir uma opinião como se fosse  torcedor de organizada é um santo remédio contra exageros. Basta um mergulho desapaixonado na internet para verificar formas inovadoras de ocupação do meio-ambiente. Parques ecológicos e criadouros regulamentados preservam espécies e turbinam o ecoturismo. Tais experiências destroçam crenças de esquerda que estabelecem que apenas o Estado deve cuidar da preservação ambiental e demonstram que o mercado deve se articular com o Estado e a sociedade civil, para encontrar pontos de equilíbrio e se submter a regulamentações, se for necessário.  Fanatismo atrapalha a missão porque não existe verdade absoluta, eis o ponto.  
O caso Royal é um exemplo de sobreposição do fanatismo militante ao debate político democrático. Os cientistas foram ignorados. Fatos não foram esclarecidos a luz do certame porque pretensos donos da verdade  destruíram instalações, mandaram pesquisas de anos para o ralo e levaram embora os elementos que poderiam comprovar os erros do Instituto. Como comprovar que os cachorros sofreram maus tratos se eles foram removidos do local? Faltou inteligência política aos militantes, coisa comum quando o fígado assume funções do cérebro e a irracionalidade ocupa o lugar da razão. 
A participação dos Black Blocs jogou mais gasolina na fogueira. Tal qual os “camisas negras” fascistas do começo do século XX, os mascarados se infiltram nas agitações de ruas e espalham terror por onde passam. Atearam fogo em carros da polícia e minaram qualquer chance de os ativistas saírem bem na foto. 
Falta luz no universo militante.  

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Política crítica,

Artigo: As trevas e o Royal

23 de outubro de 2013

A invasão do Instituto Royal ocorre em um período emblemático do Brasil e de outras partes do mundo em que se consolidam ações radicais de movimentos sociais compostos por militantes que ultrapassam com facilidade olímpica a linha tênue que separa a razão da irracionalidade. 
Há frentes na luta em defesa dos animais absolutamente legítimas. Uma delas combate o comércio ilegal de animais onde mercadores retiram espécies da natureza sem levar em consideração a integridade física delas e o equilíbrio ambiental. Tal prática deve ser combatida, ao contrário de pesquisas regulamentadas, que utilizam animais como cobaias com a finalidade de salvar vidas. 
Como alguém pode ser contra pesquisas que salvam vidas? Trabalhos científicos tornaram curáveis doenças que há 20 anos eram mortais. Não dá para acreditar que um ativista ao ver a mãe curada de uma doença que há dez anos era mortal ajoelha-se e pede a Deus pela alma dos ratos e macacos utilizados na pesquisa e pela alma dos cientistas condenados ao inferno. Vejo por aí militantes contrários a experimentos científicos com animais que dedicam amor platônico a uma maminha assada. Sobra histeria e falta coerência. Quem em sã consciência é contra a proteína que tanto nos fortalece ou contra a pesca e outras atividades vitais para a sobrevivência humana? 
Pesquisar antes de erigir uma opinião como se fosse  torcedor de organizada é um santo remédio contra exageros. Basta um mergulho desapaixonado na internet para verificar formas inovadoras de ocupação do meio-ambiente. Parques ecológicos e criadouros regulamentados preservam espécies e turbinam o ecoturismo. Tais experiências destroçam crenças de esquerda que estabelecem que apenas o Estado deve cuidar da preservação ambiental e demonstram que o mercado deve se articular com o Estado e a sociedade civil, para encontrar pontos de equilíbrio e se submter a regulamentações, se for necessário.  Fanatismo atrapalha a missão porque não existe verdade absoluta, eis o ponto.  
O caso Royal é um exemplo de sobreposição do fanatismo militante ao debate político democrático. Os cientistas foram ignorados. Fatos não foram esclarecidos a luz do certame porque pretensos donos da verdade  destruíram instalações, mandaram pesquisas de anos para o ralo e levaram embora os elementos que poderiam comprovar os erros do Instituto. Como comprovar que os cachorros sofreram maus tratos se eles foram removidos do local? Faltou inteligência política aos militantes, coisa comum quando o fígado assume funções do cérebro e a irracionalidade ocupa o lugar da razão. 
A participação dos Black Blocs jogou mais gasolina na fogueira. Tal qual os “camisas negras” fascistas do começo do século XX, os mascarados se infiltram nas agitações de ruas e espalham terror por onde passam. Atearam fogo em carros da polícia e minaram qualquer chance de os ativistas saírem bem na foto. 
Falta luz no universo militante.  

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