Não é novidade que a velocidade é um dos principais fatores de risco relacionados a acidentes e óbitos no trânsito. Mas você sabia que um atropelamento no trânsito, quando o veículo está em movimento a uma velocidade de apenas 30km/h, provoca um dano equivalente a uma queda do segundo andar de um edifício? E que numa velocidade de 60km/h, por exemplo, o acidente corresponde a uma queda do 6º andar? O pior é que o pedestre tem cerca de 98% de chance de vir a óbito.
O estudo foi revelado por Adriana Jakovcevic, especialista argentina em Segurança Viária na WRI Brasil, que participou ontem do webinar do Departamento Estadual de Trânsito do Estado de São Paulo (Detran.SP) em parceria com a Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito. O encontro virtual sobre a 1ª Década de Ação para a Segurança no Trânsito da ONU foi um dos destaques do quarto dia da Semana Nacional de Trânsito de 2021, que tem como lema “No trânsito, sua responsabilidade, salva vidas”.
“A velocidade com que o condutor dirige um veículo está diretamente relacionada ao risco dos incidentes e a gravidade do sinistro. Uma redução de até 5% na velocidade média do veículo pode resultar em 30% menos sinistros fatais. É extremamente necessário que tenhamos em todo o mundo cada vez mais ações de conscientização no trânsito para melhorarmos acidentes e óbitos no trânsito”, explica.
O seminário online contou também com a participação de Neto Mascellani, diretor-presidente do Detran.SP, George Yannis, especialista Internacional em Segurança Viária e Transportes e Diego Vargas, coordenador de Vigilância de Dados pela Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (Colômbia).
“O Governo de São Paulo tem uma preocupação e políticas públicas consistentes para enfrentar essa questão de acidentes e óbitos de trânsito. Diferentemente da pandemia da Covid, no trânsito temos uma pandemia todo o ano. No trânsito, a vacina é a cidadania. É fundamental que as pessoas respeitem a legislação e atentas sempre para diminuirmos esses índices”, afirmou Neto.
O presidente destacou também sobre a importância do Respeito à Vida, programa do Governo do Estado, que é gerenciado pelo Detran.SP. O programa já recebeu um investimento de aproximadamente R$ 114 milhões em segurança viária nos últimos anos, com 10 mil intervenções viárias. A estimativa para 2022 é que cerca de R$ 500 milhões sejam investidos.
Vale lembrar que o Estado de São Paulo foi o estado com menores índices de mortalidade no trânsito nos últimos dez anos, com queda de 32% nos índices de mortalidade, mesmo com um crescimento de 50% de
Exemplo da Grécia
Especialista Internacional em Segurança Viária e Transportes na Grécia, George Yannis relatou em sua apresentação que seu país superou a meta com uma queda de 56% nas mortes e uma diminuição de 60% nos feridos graves em sinistros de trânsito. Já a taxa de fatalidades por milhão de veículos diminuiu 59% desde 2008.
“A Grécia pode ser um ótimo exemplo para o Brasil, pois progredimos muito para a diminuição de óbitos no trânsito. É preciso identificar os problemas e propor soluções. O principal plano de mobilidade aplicado na Grécia para a diminuição nas mortes no trânsito foi um grande upgrade da malha viária para melhorar a segurança viária. Mas precisamos melhorar. Nosso objetivo agora é reduzir em até 50% as lesões graves no trânsito. Mas para isso acontecer é preciso de um comportamento adequado de todos que participam do trânsito”, destaca Yannis.
Coordenador de Vigilância de Dados pela Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global, Diego Vargas explicou que Bogotá, capital da Colômbia, reduziu o número de fatalidades no trânsito em 17%, passando de 606 mortes em 2014, para 506 em 2019. Já nas taxas por 100.000 habitantes, no mesmo período, houve uma diminuição de 20%, passando de 8,4 óbitos por 100.000 habitantes em 2014 para uma taxa de 6,7 óbitos por 100.000 habitantes em 2019.
“Tivemos uma mudança de filosofia para melhorar os índices de Bogotá.Com melhores políticas públicas, foi possível que tivéssemos uma redução de óbitos no trânsito. Um dos avanços que tivemos nos índices de óbitos foi à implantação da redução da velocidade máxima nas vias e um trabalho com os pedestres. Com melhores sinalizações, tivemos menos óbitos e isso ajudou na sinistralidade nos últimos anos”, afirma Vargas.