Por Bruno Almeida, CEO da US Media

Em mais de 20 anos de experiência no mercado publicitário, presenciei uma evolução constante no consumo de mídia, mas um fenômeno me intriga: a ascensão dos realities shows e o crescente investimento de grandes marcas nesse formato. Enquanto as redes sociais oferecem plataformas digitais acessíveis e segmentadas, os realities parecem cativar as marcas com uma promessa de impacto e visibilidade imbatíveis, mesmo com investimentos consideravelmente mais altos, que podem chegar a R$124 milhões, como no caso do BBB, de acordo com os dados fornecidos pela TV Globo.

A atração pelas telonas está aliada à promessa de uma exposição ousada e divertida, que coloca as marcas na boca do público. No entanto, a pergunta que fica é: qual o real retorno desse investimento? Será que vale a pena arriscar em um formato tradicional como os realities quando plataformas digitais, como as redes sociais, oferecem ferramentas precisas de segmentação e análise de dados para um retorno potencialmente mais assertivo?

BBB, A Fazenda e Casa das Estrelas: Marcas apostando em realities

A resposta está na busca por um “impacto” diferente, um tipo de “buzz”, algo “out of the crowd” que todos os anunciantes buscam. O público brasileiro tem uma paixão inexplicável por realities. Recentemente, o CMO do Uber no Brasil, disse que a “trindade” do Brasileiro é Música, Futebol e Novelas/Realities. Lembram lá atrás do 20 e Poucos Anos, na MTV?

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Uma simples gravação de jovens adultos que marcou uma geração nos anos 2000! Depois seguimos para formatos mais desenvolvidos como No Limite, Big Brother Brasil, Casa dos Artistas, A Fazenda, os infinitos realities de culinária, de construção e por assim vai… E hoje, com o crescimento dos streamings e Connected TVs, vemos surgir reallities cada vez mais diversos, como Casamento às Cegas, de Férias com o Ex dentre muitos outros.

As marcas, de forma geral, querem estar onde o público está e estão sendo atraídas pela alta audiência dos realities. Segundo o relatório comercial da TV Globo, o BBB tem um alcance médio de 130 milhões de pessoas. Proporcionando uma visibilidade que parece valer a pena para a grande maioria. Além disso, de acordo com dados da Kantar Ibope Media, o programa representa 81% de todas as menções sobre TV nas redes sociais durante o período de sua exibição. São números realmente de se impressionar.

O exemplo da empresa Kwai demonstra na prática a tendência dos últimos anos por investir neste formato de publicidade. A marca entrou fortemente em programas como A Fazenda, BBB, e agora, recentemente no Casa das Estrelas, e se tornou referência no patrocínio de realities. De acordo com dados do Google Trends, o interesse pela marca no ambiente digital aumentou em média 63%, nos períodos em que os realities estiveram no ar. Trata-se, portanto, de um movimento que se retroalimenta.

TV x redes sociais realities

Em vez de encarar a TV e as redes sociais como modelos antagônicos, as marcas podem utilizar o poder da tecnologia para analisar o impacto dos realities e otimizar a estratégia de marketing. Utilizando ferramentas digitais para medir a audiência, a receptividade do público e o impacto nas vendas, as marcas podem compreender melhor o retorno do investimento e tomar decisões mais precisas sobre a próxima jogada, seja nos realities, nas redes sociais ou em outras plataformas.

O futuro do marketing exige uma visão estratégica e diversificada quanto à publicidade, utilizando o melhor de cada plataforma para promover a otimização do alcance e permitir o resultado de diferentes objetivos.

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*Bruno Almeida possui formação em Marketing & Advertising pela Universidade de Miami e é diplomado executivo pela The Wharton School (University of Pennsylvania), Stephen M. Ross School of Business (University of Michigan) e Singularity University.  Também tem uma reconhecida experiência profissional em empresas de destaque como UOL, Explorador Capital Management (Guby Network) e StarMedia. Sua carreira se desenvolveu no auge das mídias digitais no início dos anos 2000, o que foi crucial para seu crescimento como profissional e empreendedor.

Atualmente, é CEO da US Media, hub líder em soluções de mídia na América Latina. Almeida fundou a empresa em 2003 com o objetivo de resolver problemas no setor de mídia, utilizando seu profundo conhecimento digital, habilidades de comunicação e respeito pelas culturas locais. Sob sua liderança, a empresa se tornou referência no mercado LATAM, oferecendo serviços especializados para anunciantes e agências, além de representar exclusivamente publishers e ad techs globais como Vevo, WeTransfer, Tinder, Fandom, Sojern e TechTarget.

 

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