A seguir, algumas dicas e empurrões. Não espere pela inspiração! Você está escrevendo uma Monografia e não poemas vanguardistas para vencer o próximo Nobel de Literatura. Ok? Escrita acadêmica é trabalho! Só isso. Por isso, lute contra a preguiça e procrastinação. Comece a escrever já! Agora! Jamais espere “estar bem no corpo e na alma” para começar a digitar… Não deixe para depois, para “quando eu tiver uma ideia original”. Não seja perfeccionista! O idealismo costuma ser sabotador! Mais vale um capítulo de artigo já rascunhado na mão do que uma nova tese de doutorado inteira nos seus sonhos.
E não romantize a ciência do Brasil. Jamais. Poucas pessoas irão ler o seu trabalho acadêmico. (Na verdade, poucas pessoas no Brasil sabem ler de verdade…). Isso é fato. Pouquíssimas. Nem a sua mãe vai querer ler a sua dissertação de mestrado… Mas há uma certeza, olha: o seu orientador, sim, este lerá o seu texto! Por isso, quando escrever, pense no seu orientador. Dê preferência para ter um retrato dele logo acima do seu computador. Isso vai ajudar na sua “inspiração”. Vai ajudar a não se esquecer de quem realmente lerá a sua pesquisa.
Claro, de novo: não romantize a ciência no Brasil. Pois o seu orientador também é alguém muito ferrado. Ou seja, ele, sim, até que lerá o seu trabalho! Mas não é que vai ler ler mesmo, entende?! Por isso, não fique triste por nem o seu orientador notar aquela metáfora “genial” que você usou no seu texto. Ou aquele exemplo “inovador” que você criou. Se você ficar muito carente e tiver demasiada certeza de que algum argumento seu merece ser conhecido, apresente-o em comunicações acadêmicas. No Brasil, as pessoas têm mais facilidade para ouvir do que para ler (porque elas não sabem ler, lembra?). ??s vezes, é incrível, mas até doutores são assim. A sua mãe também! Se quer mostrar para ela ou para seus amigos a sua pesquisa, não dê o texto escrito. Fale para eles! Quando você fala, eles têm mais vergonha de rejeitar cabalmente tudo o que você faz da vida.
E lá vai uma última dica, esta que contraria tudo o que é conselho comum: você pode continuar usando o Facebook e a Netflix enquanto escreve a mais sofisticada redação acadêmica! Pois não é a internet que atrapalha a escrita, é a preguiça! ?? a enrolação pra começar! E, claro, o idealismo! Enfim, pode deixar o Facebook aberto enquanto estiver escrevendo. Pois é mais produtivo escrever picadinho, de pouco em pouco, a cada 20 ou 30 minutos, e fazendo pausas para o café e redes sociais, do que ficar esperando aquele dia mágico em que você irá sentar na frente do seu pergaminho sagrado, durante um retiro longínquo com os monges beneditinos, e desenhará com penas, ininterruptamente por toda uma semana seguida, de um único fôlego, os novos princípios da pós-Física Quântica, que alargarão o estado da arte da condição humana deste terceiro milênio inteiro… Não. Poxa, é mais simples que isso: apenas sente a bunda na cadeira, agora e escreva! Só escreva! ??? Seja lá o que você escrever, mais tarde o seu orientador dirá que está tudo meio ruim mesmo.
Wellington Anselmo Martins é Graduado em Filosofia (USC) e Mestre em Comunicação (Unesp).