Consumidores da Área Cura e Matão reclamam de transtornos em se deslocar até loja na Vila Menuzzo
Desde o dia 3 de novembro, a BRK Ambiental – concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto em Sumaré – fechou as lojas da Área Cura e do Matão. Anunciada como “aprimoramento na organização e integração dos serviços”, a medida tem gerado reclamações de parte dos consumidores. Aqueles que optam por utilizar o atendimento presencial precisam se deslocar até a sede da empresa, na rua Emílio Leão Brambila, nº 300, Vila Menuzzo.
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No final de outubro, a concessionária informou a centralização dos atendimentos presenciais na loja principal, cuja unidade funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. A BRK informou na época que a decisão tinha por base a redução na procura pelas lojas da Área Cura e do Matão. “Nosso objetivo é oferecer a melhor experiência possível aos clientes, garantindo um atendimento ágil, organizado e seguro”, explicou Adriano Mendonça, coordenador comercial da BRK em Sumaré.
Pessoas que pediram pra não ser identificadas entraram em contato com o Novo Momento. O ex-vereador Willian Souza também foi procurado por cidadãos e esteve em uma das unidades fechadas. De acordo com ele, a redução dos postos de atendimento presencial prejudicou boa parcela dos consumidores. “Esse fechamento não pode acontecer. Não podemos admitir”, disse. “Pra ir até o centro não é todo mundo que pode. E as vezes pela internet dá um trabalho danado”, explicou.
“Idoso, grávida, pessoa que não tem condição, como que vai no centro?”, questionou Willian Souza. “A BRK não tá na cidade pra visar lucro. Se o atendimento caiu, que é a informação que nós temos, então diminui o número de pessoas que estão aqui trabalhando. Mas mantém a porta aberta”, sugere. “Estamos acionando os órgãos de responsabilidade, como agência reguladora, pra manter”, completa.

Análise
Antiga Odebrecht Ambiental, em abril de 2017 a empresa foi adquirida pelo grupo canadense Brookfield e mudou de nomenclatura, passando a se chamar BRK Ambiental. Com isso, deixou para trás o mesmo nome de outra empresa que esteve envolvida em grande polêmica na época da Operação Lava-Jato, que apurou o pagamento de propina para políticos e diversas irregularidades em contratos com a administração pública.
No fim de 2016, a Odebrecht Ambiental solicitou autorização da Prefeitura para realizar a reorganização societária de controle acionário da unidade de Sumaré para a empresa Brookfield – pedido concedido pela ex-prefeita Cristina Carrara (PSDB) e publicado no Semanário Oficial do Município em 29 de dezembro de 2016. Em abril do ano seguinte, o prefeito Luiz Dalben (PPS) suspendeu o termo de anuência, tornando a reorganização societária inválida.
A implantação da BRK Ambiental não foi tranquila em Sumaré. O até então DAE (Departamento de Água e Esgoto) sumareense era dirigido por Luiz Dalben, na época vice-prefeito de Cristina Carrara. Houve briga pública, rompimento do vice com a prefeita e ambos concorreram na eleição seguinte, sendo vencida pelos Dalben. Com o novo nome, a BRK assumiu os serviços de água e esgoto que antes eram de responsabilidade da Odebrecht Ambiental por meio de um contrato de concessão.
No entanto, essa transição gerou impasses jurídicos e questionamentos por parte da Prefeitura e da Câmara Municipal na época, que inicialmente não reconheciam a BRK Ambiental como parte contratual formal, pois o contrato original era com a Odebrecht Ambiental. Chegou a haver uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) na época de Willian Souza presidente na Câmara Municipal para investigar o contrato.
Existem informações de assessores de 1º escalão da gestão do ex-prefeito de Nova Odessa, Benjamim Bill Vieira de Souza (2013-2020), de que houve o ‘oferecimento’ de possibilidade da Coden (Companhia de Desenvolvimento de Nova Odessa) passar também a ser gerida pela BRK Ambiental, o que não se concretizou. Pouco depois, Bill modificou a autarquia municipal para Coden Ambiental e passou a dar atribuições de gestão de resíduos sólidos (coleta de lixo), não apenas água e esgoto.

Fala BRK Ambiental
Questionada, a concessionária informou o seguinte através de nota enviada pela Assessoria de Comunicação:
“A BRK informa que a concentração dos atendimentos presenciais na loja localizada na Rua Emílio Leão Brambila, nº 300, Vila Menuzzo, está baseada em análises internas que monitoram continuamente o volume de atendimento nas lojas, e tem o objetivo de aprimorar a integração e a eficiência dos serviços prestados aos clientes de Sumaré.
Nos últimos anos, os postos do Matão e da Área Cura apresentaram redução significativa no número de atendimentos, assim como a preferência dos sumareenses pelos atendimentos presenciais que reduziram de 32% em 2018 para 6% em 2024. Hoje, 85% dos atendimentos da BRK em Sumaré ocorrem pelos canais digitais da concessionária, como site e aplicativo Minha BRK (www.minhabrk.com.br), onde é possível acessar mais de dez serviços de forma gratuita como emissão de 2ª via de conta, troca de titularidade, religação, parcelamento, cadastro de débito automático, autoleitura, consulta de histórico de consumo e declaração de quitação anual, entre outros.
A BRK reforça que o atendimento não foi reduzido, mas concentrado e otimizado, de forma a garantir mais organização, padronização e eficiência no suporte oferecido à população. Todos os serviços realizados anteriormente nas lojas dos bairros seguem disponíveis na loja do Centro e pelos canais digitais e telefônicos da BRK – 0800 771 0001, disponível 24 horas por dia, e pelo WhatsApp (11) 99988-0001, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados, das 8h às 14h.
A concessionária destaca que entende a importância de manter o atendimento acessível a todos os públicos, especialmente idosos e pessoas com deficiência, e segue investindo em melhorias e capacitação das equipes para garantir um serviço ágil, humanizado e seguro, em conformidade com as normas legais e os direitos do consumidor”.
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